Linha de crédito

BNDES avalia socorrer pequenos fornecedores vítimas da ‘fraude’ nas Americanas

Aloizio Mercadante disse que são “muito graves” os indícios de fraude nas Americanas, e que BNDES não vai oferecer empréstimos à empresa

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mercadante afirmou ainda que o BNDES não tem "um real" em risco com as Americanas

São Paulo – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse que avalia conceder crédito aos pequenos fornecedores que foram vítimas da “fraude” bilionária das Lojas Americanas. A gigante do varejo entrou em recuperação judicial, no mês passado, após revelar rombo de mais R$ 40 bilhões nos balanços da empresa. Agora as Americanas travam uma briga na Justiça com grandes bancos, que temem perder outros tantos bilhões em empréstimos. Mas os principais afetados, até o momento, são os fornecedores. Há relatos inclusive de empresários que foram à falência após a varejista deixar de cumprir seus contratos.

Em entrevista coletiva na sede do BNDES, nesta quarta-feira (15), após a reinstalação do Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa), Mercadante afirmou que não há qualquer possibilidade do BNDES socorrer as Americanas. “Não vamos voltar a ser hospital de empresas”. Disse ainda que os indícios de fraude na empresa são “muito graves”. Mas afirmou que o banco pode oferecer alternativas para evitar o agravamento da crise no setor.

“O que podemos fazer e vamos discutir com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) é abrir linha de crédito para pequenos fornecedores que são vítimas dessa fraude. Você tem que dar alternativa para não agravar a crise e essas empresas foram vítimas”, disse. “Elas (pequenas empresas) não têm nenhuma responsabilidade pela crise da Americanas. Elas foram vítimas de um processo. Os indícios de fraude no balanço são muito graves”, afirmou.

Problema dos sócios

Ele destacou que o BNDES não vai socorrer a gigante varejista porque seus sócios “têm capital expressivo para aportar e salvar a empresa”. Apontados como responsáveis pela “fraude”, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles – donos da 3G Capital – vão injetar R$ 1 bilhão para tentar salvar as Americanas. Os três figuram no topo da lista dos mais ricos do Brasil, de acordo com a revista Forbes.

“Compete à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), ao Banco Central avaliar com rigor o que aconteceu. Os sócios principais têm volume de capital bastante expressivo para salvar a empresa, e sobretudo proteger os fundos de investimento, os 40 mil trabalhadores e as micro e pequenas empresas que são fornecedoras”, disse Mercadante.

Ele ainda afirmou que o BNDES não está exposto ao rombo da varejista. “O BNDES tinha uma linha de crédito com a Americanas de R$ 2,4 bilhões. Eles ainda tinham uma pendência de R$ 1,2 bilhão, mas o BNDES foi prudente, tinha carta de fiança, já foi executada, já foi paga. Não temos um real em risco com a Americanas”. No entanto, as Americanas devem R$ 1,6 bilhão ao Banco do Brasil e outros R$ 500 milhões à Caixa Econômica Federal.

“Motociata” fiscal

No início do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula disse que os indícios de fraude nas Americanas apontam para além de uma “pedalada” fiscal. Trata-se, segundo ele, de uma “motociata”. Ele ainda criticou Lemann, vendido como “suprassumo” do empresário (mais) bem-sucedido do planeta. “Era um cara que falava contra a corrupção todo dia. E depois ele comete uma fraude que pode chegar a R$ 40 bilhões”. Lula ainda disse que pode acontecer com Lemann o mesmo que ocorreu com o empresário Eike Batista, que faliu e chegou a ser preso.


Leia também


Últimas notícias