BC corta juros pela quarta vez seguida e Selic tem menor nível em quase dois anos

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou expectativas e anunciou, no início da noite desta quarta-feira (18), uma redução de 0,5 ponto percentual na […]

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou expectativas e anunciou, no início da noite desta quarta-feira (18), uma redução de 0,5 ponto percentual na meta da taxa básica de juros da economia, a Selic. Fixada em 10,5% ao ano, trata-se do menor nível desde julho de 2010, alcançado pelo quarto corte consecutivo de mesma intensidade. A decisão foi tomada por unanimidade e sem viés.

Na primeira reunião do ano entre os diretores da autoridade monetária, a expectativa era de continuidade na redução dos juros no país. A próxima reunião está marcada para para 6 e 7 de março, para quando espera-se nova diminuição. O comunicado divulgado ao final do encontro sinaliza novo corte, confirmando política do BC de reduzir aos poucos os juros da economia, em um cenário de inflação descendente: “O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”. O detalhamento dos motivos da decisão será divulgado na quinta-feira da próxima semana (26), com a ata da da 164ª reunião do Copom.

Juros - janeiro de 2012A sequência de cortes foi iniciada em julho de 2011, em uma decisão do Banco Central alinhada à posição da equipe econômica do governo da presidenta Dilma Rousseff. A decisão foi questionada à época por economistas ligados a bancos e corretoras de valores. A medida chegou a ser encarada como uma separação entre o órgão e o “mercado”, por ter atuado de maneira distinta do esperado por investidores.

Desde o início da gestão de Dilma, de começar 2011 com cinco elevações (somando 1,75 ponto percentual), seguiram-se quatro reduções (alcançando dois pontos percentuais). Assim, a meta da Selic fica abaixo do patamar em que estava no início de janeiro do ano passado (10,75% ao ano).

De um lado, do fim de 2010 a meados do ano passado, o Banco Central considerava a inflação como principal preocupação. A partir da metade de 2011, sinais de agravamento da crise externa na Europa e nos Estados Unidos motivaram o Copom a começar uma série de cortes.

Há avaliações de pessoas ligadas à presidenta Dilma Rousseff e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que sugerem o objetivo de alcançar, ainda neste ano, uma Selic de um dígito, quer dizer, menor do que 10%. No ritmo atual de cortes, seria necessário esperar mais duas reuniões do comitê para isso acontecer.

 Queda tímida

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) classificou de “tímida” a redução de meio ponto. “Diante da crise financeira europeia e suas consequências globais, há espaço para uma queda ainda mais acentuada dos juros no Brasil”, diz nota assinada pelo presidente da entidade, Paulo Skaf. “A crise está provocando uma queda no valor internacional das commodities e reduzindo a demanda geral por produtos. Isso gera uma menor pressão sobre os preços. Então está claro que, no  Brasil, não teremos pressão da inflação e que, portanto, temos espara para baixar os juros.” Segundo Skaf, “o momento é grave e o governo não pode se omitir”.

 A Força Sindical falou em queda “extremamente tímida e insuficiente”. Em nota assinada pelo presidente da central, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), a entidade que os “tecnocratas do Copom não estão dando ouvidos à sociedade, que pede uma redução acelerada em nome de um maior crescimento econômico”.

Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, afirmou que o BC continua sem coragem de enfrentar o sistema financeiro. “Apesar da redução, o país ainda mantém o posto de campeão dos juros altos. Enquanto a Europa e os Estados Unidos vivem o agravamente da crise, a saída para o Brasil é o fortalecimento da produção e do mercado interno. E o Estado deve comandar esse processo, induzindo o desenvolvimento com corte drástico dos juros e ampliação das políticas públicas”, disse o sindicalista.