Alternativas

Bahia busca montadora, MPT se reúne com Ford e centrais marcam protesto em revendas

Apenas na fábrica baiana, fechamento envolve 12 mil empregos diretos e 50 mil indiretos. São mais 830 em Taubaté (SP) e 470 em Horizonte (CE)

Sind. Met. Taubaté
Sind. Met. Taubaté
Assembleia em Taubaté: metalúrgicos não desistiram de reverter demissões

São Paulo – Em várias frentes, sindicalistas, parlamentares e instituições tentam soluções para o caso da Ford, que no início da semana anunciou que está encerrando suas atividades no Brasil. Na manhã desta quinta-feira (14), por exemplo, o Ministério Público do Trabalho (MPT) promoverá audiência virtual com representantes da empresa. Também deve participar o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco Leal.

Na Bahia, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Julio Bonfim, teve reunião com o presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Leal (PP). Também estava presente o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), candidato à presidência da Câmara.

Vigília na Ford em Taubaté

Assim como o governo estadual já havia dito, Leal afirmou que a Bahia está à procura de uma nova montadora para a região. Bonfim lembrou que a questão envolve em torno de 12 mil empregos diretos, incluindo os chamados sistemistas (entre os 4 mil que ficam na própria fábrica) e fornecedores, e 50 mil indiretos. Os sindicalistas têm reunião com a Ford na próxima segunda-feira (18).

Em Taubaté, no interior paulista, grupos de aproximadamente 30 trabalhadores iniciaram ontem uma vigília em frente à fábrica. A unidade tem 830 funcionários. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Cláudio Batista, o Claudião, uma das ideias em estudo é criar uma alíquota para os produtos da Ford, que seria destinada a todos os trabalhadores da montadora no país. A outra fábrica a ser fechada é a de Horizonte (CE), com 470 empregados, onde se produz o jipe Troller.

País regride

Ao mesmo tempo, representantes de centrais sindicais se reuniram hoje para avaliar “as dramáticas notícias para os trabalhadores brasileiros neste início de ano”. Citam o fechamento da Ford e os cortes previstos no Banco do Brasil. “Desta forma o país regride para a condição de mero exportador de produtos primários como minérios e grãos, levando, neste movimento, a grande maioria dos brasileiros a empobrecer ou cair na miséria, enquanto alguns poucos enriquecem. E o governo Bolsonaro avança na implementação dessa política de destruição e aprofundamento da desigualdade social”, afirmam.

Uma das ações previstas é organizar manifestações de protesto em concessionárias da Ford, no próximo dia 21. As centrais reafirmam ainda que o governo deve prioridade a um p lano nacional de vacinação, coodenado pelo SUS, que seria um primeiro passo “para a retomada segura da atividade produtiva”.

Leia íntegra da nota das centrais sobre o caso Ford

CENTRAIS SINDICAIS E SINDICATOS UNIDOS NA DEFESA DO EMPREGO

As Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB, reunidas virtualmente nesta quarta-feira (13/01) no Fórum das Centrais Sindicais, debateram sobre as dramáticas notícias para os trabalhadores brasileiros neste início de ano: o fechamento da Ford, o fechamento de agências do Banco do Brasil e as milhares demissões anunciadas nesta segunda-feira (11).

O anúncio extemporâneo do fechamento da Ford, empresa presente no Brasil a mais de século, se soma aos anúncios de fechamento da Mercedes-Benz, da Audi e aos milhares de silenciosos fechamentos de micro, pequenas e médias empresas. Essas empresas receberam ao longo de décadas, e continuam a receber, bilhões de reais em incentivos e benefícios fiscais. A atitude da Ford, sem diálogo e depois de tudo que recebeu e ganhou, demonstra o absoluto desrespeito com o país e desconsideração com o povo brasileiro.

Mais um caso concreto do processo de desindustrialização e de desmonte das políticas de conteúdo nacional que avançam de maneira praticamente irreversível, fragilizando todo o sistema produtivo no comércio, serviços e agricultura e destruindo milhões de empregos diretos e indiretos.

Desta forma o país regride para a condição de mero exportador de produtos primários como minérios e grãos. Levando, neste movimento, a grande maioria dos brasileiros a empobrecer ou cair na miséria, enquanto alguns poucos enriquecem. E o governo Bolsonaro avança na implementação dessa política de destruição e aprofundamento da desigualdade social.

Para espanto e desespero do povo, o governo, de forma cínica, não se constrangeu em bradar: “Que vão embora”, ao comentar sobre a saída da Ford do Brasil. Esse foi mais um de seus chocantes absurdos.

Isso não pode continuar!

De nossa parte, vamos organizar, mobilizar, resistir, enfrentar, propor e dialogar em torno de um projeto nacional de desenvolvimento, da reindustrialização e recuperação da dinâmica virtuosa de crescimento do sistema produtivo, de retomada dos investimentos em infraestrutura econômica e social, em ciência, tecnologia e inovação, de ampliação das políticas sociais, de geração de empregos de qualidade e de crescimento da renda do trabalho.

Vamos fortalecer a nossa unidade de ação e estabelecer uma ampla rede de debates e de negociação com os poderes Executivos, Legislativos e Judiciário, com os empresários e com o movimento sindical internacional.

Iremos promover o debate nas bases sindicais, em eventos regionais e nacionais, organizando nossa resistência e atuação propositiva em cada situação e diante de cada problema, mobilizando e incidindo local e nacionalmente.

Reafirmamos, conforme já explicitado em documento unitário, divulgado no dia 05/01/2021, que, neste momento, deve ser prioridade do governo vacinar todos os brasileiros por meio de um plano nacional de vacinação coordenado pelo SUS, visando proteger à vida de todos e dar capacidade para a retomada segura da atividade produtiva.

De imediato, as Centrais Sindicais deliberam, para enfrentar a decisão de fechamento da Ford no Brasil:

  • Investir na unidade sindical e na construção de iniciativas e ações conjuntas.
  • Ampliar e estabelecer diálogo com os parlamentares (senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores) para tratar de iniciativas a serem tomadas em relação à Ford e casos semelhantes.
  • Estabelecer diálogo com os Governadores de São Paulo, Bahia e Ceará para a construção de alternativas para o caso Ford.
  • Estabelecer cooperação de atuação com entidades sindicais internacionais para denunciar a decisão da Ford no Brasil.
  • Produzir informações comuns para alimentar a comunicação.
  • Realizar reunião com as 11 Centrais Sindicais, na próxima sexta-feira (15/1). E encaminhar ações unitárias em defesa do emprego, do auxílio emergencial e de vacinas para todos.
  • Realizar no dia 21/01 manifestações nas Concessionárias de revenda Ford.
  • Propor medidas a serem tomadas na esfera Legislativa e Judiciária.

São Paulo, 13 de janeiro de 2021

Sérgio Nobre
Presidente da CUT – Central Única dos Trabalhadores

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical

Ricardo Patah
Presidente da UGT – União Geral dos Trabalhadores

Adilson Araújo
Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

José Calixto Ramos
Presidente da NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores

Antônio Neto
Presidente da CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros


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