Sem surpresa, Copom aprova quinta alta seguida e leva taxa de juros a 12,50%

Decisão foi unânime. Taxa é a maior em dois anos e meio

 São Paulo – Conforme esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 12,50% ao ano, a maior em dois anos e meio. Foi a quinta alta seguida, em cinco reuniões realizadas sob o atual governo. Desde então, a Selic subiu em 1,75 ponto.

“Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% a.a., sem viés”, diz a nota divulgada logo após a reunião. A próxima será realizada em 30 e 31 de agosto.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) condenou a decisão. “Ao aumentar para 12,5% a Selic, o Banco Central demonstra mais uma vez sua falta de sintonia em relação aos anseios populares e de parte do empresariado. Mais juros significam menos empregos, menos investimentos produtivos e, diante de um cenário internacional que a cada semana se mostra mais nebuloso, tal decisão coloca em risco o projeto de desenvolvimento necessário para o Brasil”, afirmou o presidente da entidade, Wagner Gomes. “Novamente vemos que a pressão exercida pelo ‘deus mercado’ e pela mídia conservadora surtiu o resultado esperado. A CTB reafirma o que vem dizendo desde janeiro, quando o Banco Central aumentou pela primeira vez os juros durante o governo Dilma: não foi esse o projeto que saiu como vencedor nas eleições do ano passado.”

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também criticou. “O quinto aumento consecutivo da taxa de juros vai acelerar a desindustrialização e poderemos ter perdas de postos de trabalho, agravando os sérios problemas que já enfrentamos com a competitividade brasileira”, afirmou, em nota. “Em vez de elevar os juros, o governo deveria adotar medidas que efetivamente reduzam a carga tributária, equilibrem a taxa de câmbio, melhorem a infraestrutura, diminuam o custo da energia e garantam isonomia entre a produção nacional e a estrangeira.”

Já o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), afirmou que a decisão beneficia o mercado financeiro e inibe o desenvolvimento. “Consideramos a inflação baixa essencial para os brasileiros. Mas repudiamos esta política que traz lucros vultosos apenas aos especuladores em detrimento da maioria. Repudiamos esta atitude do Copom de ignorar os custos desta política para a população.”

A Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) avalia que a nova alta “aumenta a distância entre a taxa de juros de juros praticada no Brasil e o padrão internacional”. Para o presidente da Fecomércio, Orlando Diniz, as empresas “permanecem vulneráveis a financiamentos demasiadamente custosos.”

Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), faltou coragem ao Copom para não ceder à pressão do mercado financeiro por novo aumento dos juros. “O quinto aumento consecutivo da Selic em 2011 é um grave equívoco que está comprometendo o crescimento econômico deste ano, com implicações negativas na geração de emprego e na renda do trabalhador”, critica o presidente da entidade, Carlos Cordeiro. Para ele, “aumentar os juros não se trata de uma decisão técnica ou uma escolha para não desapontar o mercado, mas trata-se de uma medida que afeta o emprego, o salário, as políticas públicas e sociais da população brasileira, duramente atingida a cada aumento da taxa”.

Com informações da Agência Brasil

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