Para analistas, crescimento do Brasil acima de 5% em 2010 é factível

São Paulo – Estimativas de crescimento do Brasil acima de 5% em 2010 são factíveis, argumentam analistas, com respaldo tanto em efeitos estatísticos como em perspectivas de manutenção da demanda […]

São Paulo – Estimativas de crescimento do Brasil acima de 5% em 2010 são factíveis, argumentam analistas, com respaldo tanto em efeitos estatísticos como em perspectivas de manutenção da demanda doméstica e recuperação de investimentos.

Além disso, a economia terá o impacto ainda presente de políticas econômicas expansionistas adotadas neste ano.

Nesta semana, ao descartar a necessidade de aumento do juro básico, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou como “excesso de otimismo” tais projeções.

Os contratos de juros futuros vêm colocando no preço a preocupação de que a forte retomada doméstica resulte em pressão inflacionária e alta na Selic.

“Não se sustentam as ideias de que estaremos (crescendo) acima de 5% (em 2010)”, afirmou durante balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para ele, o país vai se expandir de 4,5% a 5,0% no ano que vem, mas não mais que isso.

O último relatório Focus aponta expansão de 4,5% em 2010, após crescimento de 0,1% em 2009, mas diversas instituições financeiras já vêem um desempenho mais forte da economia.

“Trata-se de uma estimativa que, além de não ser otimista, é a mais provável (a de crescimento superior a 5%)”, defendeu Virgílio Castro Cunha, economista do BofA Merrill Lynch Global Research, em São Paulo, que prevê expansão de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano.

Além de uma recuperação da produção industrial, após desaceleração muito forte neste ano, o economista destaca o efeito “carry over”. Isso deve garantir pelo menos uma alta de 3,5 pontos percentuais no PIB de 2010, segundo as projeções da instituição, que prevê crescimento de 0,5% este ano.

O “carry over” é um efeito estatístico que considera o crescimento levado de um ano para outro. Se há uma aceleração forte no final do ano, como se espera para o segundo semestre de 2009, o impacto tende a ser mais alto.

André Loes, economista-chefe do HSBC em São Paulo, também calcula crescimento de 5,3% do PIB em 2010, após alta de 0,4% em 2009. Ele cita aceleração no consumo das famílias e elevação muito forte nos investimentos –reflexo de uma retomada da confiança, além da base de comparação fraca.

O economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria, Flávio Castelo Branco, espera que os investimentos ganhem mais gás a partir de 2010, quando a economia entrará em um círculo virtuoso e os novos projetos das empresas passarão a contribuir para o aquecimento da atividade.

Efeito dos Gastos

 

Para a equipe do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, em São Paulo, instrumentos expansionistas de política econômica adotados em 2009 –como os cortes de juro, a expansão fiscal e o crédito– justificam previsão de avanço de 5,4% da economia no próximo ano, após expansão de 0,1% em 2009.

Tony Volpon, estrategista para América Latina do Nomura Securities, em Nova York, cita ainda os gastos ligados ao período eleitoral e a taxa de juro real baixa como fatores para o avanço do PIB em 2010, que ele prevê em 5,5%.

“Não haverá corte de gastos, o crédito subirá e a mudança do juro será relativamente lenta, o que levará a um crescimento forte”.

Fonte: Reuters

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