Riqueza cultural

Quarteto Pizindim mistura o choro com sotaques da periferia e defende ‘democratização’ da arte

Grupo com origem na zona leste de São Paulo lança na próxima sexta show gravado ao vivo. Projeto levou apresentações e oficinas a escolas municipais

Divulgação
Divulgação
Claudio Martins, Emerson Bernardes, Rafael Esteves e Rodrigo Carneiro

São Paulo – O Quarteto Pizindim não nega as origens, nem as influências. O primeiro álbum, O som que vem do Leste (2017), traz na capa uma placa com a sigla ZL, que todo paulistano sabe se referir à populosa zona leste da cidade, origem do grupo. E o nome faz referência ao grão-mestre do choro: Pixinguinha. Que era pizindim (“menino bom”, em dialeto africano) na infância, quando também ganhou o maldoso apelido de Bexiguinha, pelas marcas de varíola, resultando no nome artístico do imortal Alfredo da Rocha Vianna Filho, que morreu há 50 anos.

Com a mistura de samba, choro e “olhar da periferia paulistana”, o quarteto fecha 2023 lançando, no YouTube, o show O Choro nas Bordas da Metrópole. Um trabalho, como diz o grupo, “em prol da democratização da arte”. Esse projeto levou shows e oficinas para teatros dos Centro Educacionais Unificados (CEUs), da prefeitura de São Paulo – foi contemplado na sexta edição do Edital de Apoio à Música, da Secretaria Municipal de Cultura. Resultado de parceria com a produtora PiÔ, o show foi gravado ao vivo no Estúdio 185.

:: Dos griôs da África para as periferias do mundo: hip hop faz 50 anos ::

O lançamento do show gravado será na próxima sexta-feira (22), às 19h. O palco, uma criação coletiva – quarteto, produção e a cenógrafa Nani Oliveiras – “tentou trazer elementos da memória afetiva da cena urbana de seus locais de origem”. O repertório traz composições inéditas do bandolinista e arranjador Rafael Esteves e do violonista e compositor Rodrigo Carneiro. Assim, o quarteto se completa com o cavaquinista e compositor Emerson Bernardes e o percussionista Claudio Martins.

Para educar e inspirar gerações

Além disso, trabalhos de autores que o grupo tem como referências. São o mestre das 7 cordas Marcelinho Montserrat, o instrumentista (cavaquinho, bandolim) Milton Mori, o arranjador e pesquisador Mauricio Carrilho (filho e sobrinho de peixe, os flautistas Álvaro e Altamiro Carrilho) e o bandolinista João Macambira (in memorian). Ele já havia sido homenageado em show dedicado a seu repertório, em 2016.

Segundo o quarteto (https://www.instagram.com/quartetopizindim), o lançamento marca o compromisso do grupo em tornar a música instrumental mais acessível. Dessa forma, a iniciativa “tem como objetivo não apenas entreter, mas também educar e inspirar as gerações futuras”. Com dois álbuns de estúdio, os integrantes do grupo “acreditam na importância de valorizar e compartilhar essa riqueza cultural”, das regiões mais distantes da metrópole.