Cinema

Mostra faz retrospectiva da vida e obra de Marlene Dietrich

'Marlene' apresenta, em São Paulo e Brasília, clássicos de Orson Welles, Hitchcock, Fritz Lang, Josef von Sternberg, Ernst Lubitsch, Billy Wilder e dois documentários sobre a vida da atriz alemã

Divulgação

Filmes de Dietrich evidenciam posições políticas, a emancipação feminina e o combate ao nazismo e ao racismo

Marlene Dietrich não tirava o fôlego apenas por sua beleza e suas ótimas atuações, mas também por suas transgressões. Sua obra e vida são tema da mostra Marlene, que entra em cartaz nesta quinta-feira (17), no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, e no dia 1° de outubro, no CCBB Brasília. Serão exibidos 25 filmes com uma das mais importantes estrelas do cinema alemão.

Entre os longas, estão os que ela fez com o cineasta Josef von Sternberg, inclusive O Anjo Azul, de 1930, com o qual conquistou fama internacional. A obra conta a história de um professor que descobre que seus alunos trocam fotos de mulheres semi-nuas conseguidasem uma casa de espetáculos. Quando ele vai ao local tirar satisfação, acaba conhecendo a cantora de cabaré Lola Lola, por quem se apaixona.

No mesmo ano, Sternberg e Dietrich lançaram Marrocos, pelo qual a atriz foi indicada ao Oscar. Depois de cantar uma música em uma boate, seu personagem leva uma rosa para uma mulher da plateia e lhe dá um beijo na boca. A cena e o fato de se vestir com terno (roupa até então considerada masculina) causaram enorme escândalo na época. Tanto, que políticos franceses tentaram, sem sucesso, impedir que ela aparecesse em público vestida de terno. Com Sternberg, Marlene também contracenou em Mulher Satânica, A Imperatriz Galante, A Vênus Loira, Anjo, O Expresso de Shangai e Desonrada.

RBA
Com O Anjo Azul, de Josef von Sternberg, Marlene conquistou fama internacional

Seu sucesso fez com que, na década de 1930, ela fosse convidada por Josef Goebbles, responsável pela propaganda do Reich alemão, a protagonizar filmes pró-nazistas. A atriz não só recusou o convite, como decidiu se tornar cidadã americana. Durante a Segunda Guerra, ela apoiou o exército dos Estados Unidos e, na Europa, cantou para divertir os soldados de tropas aliadas.

A atitude pessoal de Dietrich reflete enormemente em sua filmografia, com obras que evidenciam a emancipação feminina e o combate ao nazismo e racismo. Sua história será apresentada na mostrapor meio de dois documentários. Marlene, de 1984, dirigido por Maximilian Schell, foi feito quando ela já estava reclusa em seu aparamento, em Paris. Com o isolamento, a atriz tentava preservar sua juventude e “perfeição”, impedindo que fosse filmada ou fotografada. Colega de Dietrich no filme Julgamento em Nuremberg (de Stanley Kramer), Schell montou o documentário com uma entrevista dela, imagens de arquivo e de um cenário que reconstruía o apartamento da atriz. Já em Marlene – Sua Própria Canção, de 2004, seu neto David Riva usou o vasto acervo particular da avó para contar suas dualidades.

Também serão exibidos na mostra O Diabo Feito Mulher (Fritz Lang), Pavor nos Bastidores (Alfred Hitchcock), A Marca da Maldade (Orson Welles), Jardim de Alá (Richard Boleslawski), Atire a Primeira Pedra (George Mashall), A Pecadora (Tay Garnett), Aquela Mulher (Raoul Walsh), A Indomável (Ray Enright), Kismet (William Dieterle), Martin Roumagnac (Georges Lacombe), Cigana Feiticeira (Mitchell Leisen), Flor de Paixão (Kurt Bernhardt), Testemunha de Acusação e A Mundana (ambos de Billy Wilder).

Mostra Marlene
CCBB São Paulo
Quando: de 17 de setembro a 20 de outubro
Onde: Rua Álvares Penteado, 112, Centro, São Paulo (SP)
Quanto: R$ 2 e R$ 4
Programação completa: CCBB-SP

CCBB Brasília
Quando: de 1 a 20 de outubro
Onde: SCES, Trecho 02, lote 22, Brasília (DF)
Quanto: sob consulta
Mais informações: (61) 3108-7600 ou [email protected]