Contra a crise, para a alma

Apesar de ‘tempos bicudos’, É Tudo Verdade mostra vitalidade da produção audiovisual

Mostra, em sua edição 26ª edição, a segunda on-line, também terá homenagens a Caetano Veloso e Ruy Guerra. De 8 a 18 de abril

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA
'Uma nova safra nacional e internacional pede passagem', diz o diretor do festival, Amir Labaki, esperando por 'novos ventos'

São Paulo – Uma fotografia de 1964 (Festa de Iemanjá em Santos), da inglesa Maureen Bisilliat, 90 anos completados em fevereiro, foi a imagem escolhida para o cartaz da 26ª edição do festival de documentários É Tudo Verdade. Para o diretor geral do evento, Amir Labaki, a cena sintetiza, de alguma maneira, os tempos atuais: “Olhando para o mar e torcendo para que ventos melhores venham”. A programação foi divulgada nesta terça-feira (23). Serão 69 filmes de 23 países, de todos os continentes.

Realizado pelo segundo ano seguido de forma remota, o festival começa em 8 de abril e vai até o dia 18. Tem as tradicionais mostras competitivas e homenagens (Caetano Veloso e Ruy Guerra), além de palestras e outras atividades paralelas. O evento é on-line e gratuito.

Sanidade mental

Para Labaki, apesar dos tempos “bicudos, muito complicados”, o festival mostra a vitalidade da produção individual e a importância da arte para “nossa sanidade mental”. “É também extraordinário o vigor da produção brasileira, numa conjuntura tão adversa. Uma nova safra nacional e internacional pede passagem e merece toda atenção.”

Recém-instalada na presidência da Spcine, da Secretaria Municipal da Cultura em São Paulo, Viviane Ferreira acrescenta: “É também um sopro de esperança, uma gota a mais de vida. A crise tem machucado bastante o setor audiovisual”. Assim, o momento exige “criatividade e destreza”.

Obras dos cinco continentes

A sessão de abertura, em 8 de abril, traz Fuga (Flee, no original), do dinamarquês Jonas Poher Rasmussen. A animação venceu o Festival de Sundance, nos Estados Unidos. O festival termina, no dia 18, com A Última Floresta, do brasileiro Luiz Bolognesi. “Chama a atenção para a tragédia nacional, mais uma, que está acontecendo, que é a extrema vulnerabilidade das tribos indígenas brasileiras”, diz Amir.

Para a seleção deste ano, os organizadores assistiram aproximadamente 1.200 filmes, ante 1.600 em 2020. Mas o crítico e jornalista observa que apenas no gênero de curtas brasileiros se notou uma queda mais expressiva. “A produção cinematográfica vai muito bem”, afirma, lembrando que o festival terá obras produzidas nos cinco continentes.

Curtas, médias e longas

A competição de longas e médias metragens terá 12 filmes entre os estrangeiros e sete entre os nacionais (confira abaixo os filmes brasileiros concorrentes). Na parte dos curtas, serão nove obras, tanto na competição brasileira como na internacional.  

O É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários tem patrocínio do Itaú e parceria do Sesc-SP, além de apoio cultural de Spcinem Itaú Cultura e Canal Brasil. A realização inclui a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e Secretaria Especial de Cultura.

Competição longas e médias metragem – Brasil

Alvorada
Direção: Anna Muylaert e Lô Politi
Mostra o cotidiano da então presidenta Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada.

Os Arrependidos
Direção: Armando Antenore e Ricardo Calil
Fala de militantes que arriscaram a vida por uma causa e, como diz a sinopse, viraram “arma de propaganda” dos inimigos.

Dois Tempos
Direção: Pablo Francischelli
O reencontro, 35 anos depois, do violonista argentino Lucio Yanel e seu pupilo brasileiro Yamandu Costa.
 

Edna
Direção: Eryk Rocha
Filme que trata da luta pela terra. Criada apenas pela mãe, Edna vive à beira da rodovia Transbrasiliana.

Máquina do Desejo – Os 60 Anos do Teatro Oficina
Direção: Lucas Weglinski e Joaquim Castro
O filme conta a história e a influência do Oficina e de seu criador, seis décadas, José Celso Martinez Corrêa.

Paulo César Pinheiro – Letra e Alma
Direção: Cleisson Vidal e Andrea Prates
Perfil de um dos grandes compositores e letristas da música popular brasileira.

Zimba
Direção: Joel Pizzini
Narra a trajetória do ator e diretor Zbigniew Ziembinski, de origem polonesa, que marcou época no Brasil.