Para dançar

Leve e nostálgico, FBC e VHOOR resgatam ‘miami bass’ em ‘Baile’

Disco volta à sonoridade das festas da década de 90 para narrar realidade da periferia de Belo Horizonte

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Em Baile, VHOOR e FBC unem suas referências musicais da zona norte de Belo Horizonte, essencialmente a avenida Vilarinho, conhecida por suas festas de forrós, gafieiras e baile

São Paulo – O rapper FBC e o produtor VHOOR mostram, com o álbum Baile, que voltar ao passado também é uma forma de inovar musicalmente. Os artistas narram a realidade das comunidades periféricas de Belo Horizonte, mas com forte influência do funk e a sonoridade sincopada do miami bass dos anos de 1990.

FBC é o nome artístico de Fabrício Soares, um dos principais MCs da capital mineira. Ele se destacou em 2016, com a ascensão de seu antigo grupo DV Tribo, que tinha como integrante o rapper Djonga. Por sua vez, Victor Hugo, o VHOOR, vem se destacando na cena hip-hop brasileira há seis anos, principalmente por misturar o funk mineiro com a estética do rap.

Em Baile, os dois artistas unem suas referências musicais da zona norte de Belo Horizonte, essencialmente a avenida Vilarinho, conhecida por suas festas de forrós, gafieiras e bailes. E o articulador dessa parceira é o miami bass, subgênero do hip-hop da década de 90 e que deu origem ao funk brasileiro.

“Eu sempre pensei em desenvolver uma estética original de Belo Horizonte. Eu nasci na Vilarinho, onde tinha um dos principais bailes da cidade e o maior de miami bass. Então eu sempre cresci no meio dessa cultura. E nós somos da mesma região, portanto sempre fomos influenciados e conectados pelo funk belo-horizontino”, explica VHOOR.

O ‘Baile’ de FBC e VHOOR

O álbum Baile, dos dois talentos da cena mineira do rap nacional, é um resgate à sensação de estar nos rolês que frequentavam mais jovem. Com uma sonoridade mais divertida, focada em inspirar os passinhos do funk, a construção do disco foi natural e despretensiosa.

Esse é o terceiro álbum de estúdio de Fabrício. Em 2018, o rapper se consolidou nacionalmente com S.C.A. No ano seguinte, fez sucesso com PADRIM. Contudo, essa é a segunda parceria entre FBC e VHOOR. Este ano a dupla já lançou o EP Outro Rolê, mas ainda baseado na estética atual do rap .

“Antes fazia o que estava na onda, o que o público queria ouvir. Cada vez mais eu sentia a necessidade de vender meu trabalho e sair da vida que eu tinha. Eu ainda morava em ocupação”, afirma Fabrício, ao lembrar de quando viva na Ocupação Nelson Mandela, em Santa Luzia-MG. “Hoje, eu faço o que quero, o que eu gosto. Fazer miami bass é o que a gente se sente bem. Eu já vivi com tão pouco que hoje tenho a condição de fazer o que quero”, acrescentou.

Apesar de Baile se destacar pela originalidade, a busca por uma sonoridade própria dentro do rap começou em Outro Rolê, segundo os dois. O projeto usa o drill – subgênero do rap criado em Chicago, com influências trap –, porém somado à estética da cena mineira.

“Nós criamos uma sonoridade do drill com características de Belo Horizonte. Fizemos algo diferente do que já foi feito. O que criamos naquele disco foi tirado das nossas cabeças. Nós só queremos criar um som o mais diferente possível”, relata o produtor.

Histórias de “Baile

O álbum Baile, de FBC e VHOOR, conta a história de um jovem periférico que ama dançar e precisa lidar com uma nova paixão. Esse romance é interrompido com a chegada de milicianos que ocupam e tomam o poder na favela.

O disco também passa pelo tema do respeito à mulher nas festas de música. “Geral consciente, em mulher não põe a mão / Molecada tá ligada, sim é sim, não é não“, canta o rapper em “Vem pro Baile”, música que abre o álbum.

Quando fizemos o conceito do álbum, começou com “Vem pro Baile”, que falava sobre o dia do baile e as problemáticas da quebrada. Eu falo sobre assédio e violência contra a mulher também, de uma forma que a molecada consiga assimilar”, explica FBC.

Baile conta com 10 faixas e estreou na última sexta-feira (12) nas plataformas digitais. O trabalho tem participações de UANA, Djair Voz Cristalina, FERB, Mariana Cavanellas e Mac Júlia.