‘Avatar’ recicla temas e cria padrões para fantasia

(Foto: Divulgação) São Paulo – Gigantes azuis, batalhas aéreas entre helicópteros e dragões voadores. Tudo em “Avatar”, a nova aventura de James Cameron (“Titanic”), remete a grandeza e depende da […]

(Foto: Divulgação)

São Paulo – Gigantes azuis, batalhas aéreas entre helicópteros e dragões voadores. Tudo em “Avatar”, a nova aventura de James Cameron (“Titanic”), remete a grandeza e depende da magia tecnológica. O filme tem estreia nacional em 500 cópias, 110 delas 3D, duas destas sendo exibidas, por enquanto, nas duas únicas salas IMAX do país, uma em São Paulo, outra em Curitiba.

Tanto nas versões 3D como nas convencionais, haverá cópias dubladas e legendadas.

Diretor do filme que é, até hoje, recordista mundial de bilheteria- “Titanic”, de 1997, com renda acumulada de U$ 1,9 bilhão, James Cameron esperou 12 anos para voltar ao cinema e gastou cerca de U$ 500 milhões no orçamento de “Avatar”, segundo estimativa do jornal The New York Times.

Tudo isto para obter uma tecnologia adequada a retratar a história que ele imaginou já em 1999 e que concretiza neste filme, que tem 60% de imagens digitais. Inclusive boa parte do elenco só é vista na tela em sua versão digital, obtida a partir da técnica de “capture motion” dos atores reais.

Deixando claro que terá força também nas principais premiações, “Avatar” já faturou quatro indicações no Globo de Ouro – melhor filme dramático, diretor, música original e trilha sonora.

Na história, o ano é 2154. Os terráqueos, que já acabaram com os recursos naturais de seu próprio planeta, agora tentam explorar Pandora. Neste planeta, a natureza está integralmente preservada por seus habitantes, os Na’vi.

Trata-se de um povo de gigantes azuis, perfeitamente integrados de corpo e mente com o equilíbrio geral. Não se mata um único animal sem absoluta necessidade. A vida é sagrada para os Na’vi, que visualmente parecem indígenas com longos cabelos dreadlock, habitando um mundo florestal e povoado de animais fantásticos e primitivos – como dragões alados e felinos gigantescos com dentes e garras afiadíssimos.

Os homens da Terra não buscam espaço para morar – seu interesse está num valioso minério, cujo maior depósito está bem abaixo da grande morada comunitária dos Na’vi.

Diante da total incompatibilidade de interesses entre os dois lados – os Na’vi não se interessam por nenhum bem econômico – e da postura bélica dos humanos, surge uma estratégia científica. A dra. Grace Augustine (Sigourney Weaver, de “Rebobine por Favor”) gerencia o projeto dos avatares – ou seja, o desenvolvimento de corpos de Na’vis, aos quais se mistura material genético humano.

Cada um deles é controlado por um ser humano com quem tem afinidade genética. E cada humano é conectado ao seu Na’vi quando entra numa câmara, onde permanece como num estado de sonho.

O avatar que tem a missão mais estratégica é Jake Sully (Sam Worthingon, “O Exterminador do Futuro: A Salvação”). Fuzileiro naval que ficou paraplégico, ele não tem muitas perspectivas profissionais, a não ser substituir seu irmão gêmeo, que morreu acidentalmente e fora treinado para o projeto em Pandora. Assim, ele deve infiltrar-se entre os Na’vi, usando o corpo de um dos avatares, e transmitir todos os segredos que descobrir ao comandante militar, o truculento coronel Miles Quaritch (Stephen Lang, de “Inimigos Públicos”).

Mesmo sendo um sujeito duro, Jake não é insensível ao encanto natural do povo azul. Sua destreza física, especialmente, que os leva a escalar árvores imensas e cavalgar dragões voadores, é uma característica atraente para um ex-marine – especialmente sendo um jovem que não pode mais dispor integralmente de seu corpo humano, preso a uma cadeira de rodas. Sem contar a atração amorosa que sente por sua mentora entre os Na’vi, Neytiri (Zoe Saldana, de “Star Trek”).

Criando um universo muito maniqueísta, o roteiro, também do diretor James Cameron, deixa de explorar algumas nuances que cairiam muito bem num protagonista ambíguo como Jake Sully. A tomada de consciência sobre a consequência mortal de sua espionagem é um tanto repentina, por exemplo.

Da mesma forma, poderia ser mais bem construído o conflito entre a cientista Grace e seus auxiliares, que querem estudar o planeta, o gerente capitalista (Giovanni Ribisi, de “Cold Mountain”), obcecado por explorar o minério, e o coronel, que só pensa em exterminar os nativos. Com a exceção da piloto rebelde Trudy (Michelle Rodriguez, da série “Lost”), não há um único militar que não seja brucutu.

Nas guerras entre os Na’vi e os humanos, é mais visível a sofisticação visual da produção. Nelas, atualiza-se a audácia das batalhas de “Star Wars”, a franquia criada por George Lucas, com um toque de “Apocalypse Now”, de Francis Ford Coppola, por conta do uso de helicópteros. O enredo, aliás, deve parte de sua inspiração aos faroestes neste conflito entre selvagens idealistas e conquistadores ferozes.

Tudo somado, sobra duração – são 160 minutos no total – e falta um pouco de alma à história. Tenta-se resolver isso injetando um certo misticismo new age do meio para o fim. Não é de todo mau, mas não resolve certas fragilidades do roteiro.

Há uma predominância técnica, de se esperar até certo ponto num filme do gênero, que poderá ser bem aproveitada nas salas 3D. Sem dúvida, assisti-lo numa delas, ou nas raras salas IMAX do país, é uma experiência sensorial especial.

Fonte: Reuters

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