A Batalha de Argel: reflexão sobre a tortura como instrumento político

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Cena de A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo, que será exibido em São Paulo: debate sobre riscos à democracia

Com ares de documentário, A Batalha de Argel, que o italiano Gillo Pontecorvo realizou 1965, será exibida no sábado (13), no Teatro Studio Heleny Guariba, em São Paulo. O filme faz parte da programação do Cine Bijou, projeto desenvolvido pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, que tem como objetivo promover encontros sobre filmes que ajudem a compreender a história brasileira e sua relação com acontecimentos mundiais.

A ficção baseada em fatos reais narra os conflitos do movimento pela independência da Argélia, que foi território francês de 1857 até 1962. A partir de 1954, muçulmanos se organizaram para lutar contra a dominação francesa formando a Frente de Libertação Nacional (FLN). De um lado, atentados terroristas, de outro, uso de tortura para desmantelar o movimento rebelde e permanecer no poder.

Depois da sessão, haverá um debate com o professor Reginaldo Nasser, chefe do Departamento de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista no estudo do terrorismo, Nasser, afirma que na década de 1960, militares franceses que atuaram na guerrilha urbana de Argel, a capital da Argélia, ensinaram técnicas de tortura para militares brasileiros.

“O Brasil passou a usar os métodos de franceses, que vinham para cá e instruíram, da mesma forma que brasileiros iam para a França se instruir a respeito disso. Foi uma tecnologia de exportação da França”, ironiza. Confira aqui a entrevista completa.

Marco do cinema político, A Batalha de Argel é considerado até hoje um dos melhores filmes do gênero de todos os tempos. Apesar de ser engajado, o clássico de Pontecorvo, está longe de ser panfletário e caricato. Ao contrário. Ele conquista o espectador ao mostrar os dois lados da moeda: a violência do opressor e do oprimido.

A primeira cena, de um homem que acabou de ser torturado, tem a crueza de um documentário de guerra. A dor nos olhos do senhor magro e frágil diz mais do que as impressionantes cenas de sessões tortura que aparecem no decorrer do filme. Mesmo sendo evidente que o diretor se solidariza com a causa argelina, ele mostra também a violência por meio das mortes de civis: semblantes “inocentes” de jovens franceses que dançavam em um bar prestes a ir pelos ares em um atentado a bomba.

Não é à toa que a exibição do clássico A Batalha de Argel tenha sido proibida durante a ditadura brasileira. Afinal, fica evidente a força do povo quando, cansado de ser explorado, decide enfrentar o opressor. Além do mais, apesar de a organização rebelde ter sido desmantelada em Argel, no dia 2 de julho de 1962 o país conquistou sua independência da França.

Serviço

O que: Cine Bijou exibe A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo

Quando: 13 de julho, às 15h

Onde: Teatro Studio Heleny Guariba – Praça Roosevelt, 184, Centro, São Paulo-SP

Inscrições exclusivamente pelo e-mail: [email protected].

Lugares Limitados (80)

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