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Cineasta retira ‘Boi Neon’ de processo que vai indicar produções brasileiras ao Oscar 2017

Decisão do cineasta Gabriel Mascaro presta solidariedade ao diretor do filme 'Aquarius' e se coloca contra a presença do crítico paulistano Marcos Petrucelli na comissão que escolherá os filmes

divulgação

Mascaro: processo seletivo de imparcialidade questionável com a presença do crítico paulistano na comissão

São Paulo – O diretor do filme Boi Neon, o cineasta pernambucano Gabriel Mascaro, retirou hoje (24) seu filme do processo seletivo que vai indicar os representantes brasileiros ao título de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2017. “É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, após o seu protesto no tapete vermelho de Cannes”, afirmou Mascaro em nota.

O cineasta referiu-se ao crítico de cinema paulistano Marcos Petrucelli, que tem atacado a equipe do Aquarius, dirigido pelo cineasta Kleber Mendonça Filho, também pernambucano, depois que ele e sua equipe protagonizaram protesto contra o golpe no país, durante a apresentação do filme na disputa pelo troféu Palma de Ouro, em Cannes 2016.

Aquarius foi o único filme latino-americano na competição oficial de Cannes, tendo sido aclamado pela crítica internacional. Diante da gravidade da situação e contrários à criação de precedentes desta ordem, registramos nosso desconforto em participar de um processo seletivo de imparcialidade questionável”, afirma ainda a nota de Mascaro.

Depois de classificar Aquarius como “não recomendado para menores de 18 anos”, em ação que foi interpretada pela equipe do filme como represália em relação ao protesto de Cannes, ontem (23) o Ministério da Justiça indeferiu recurso da distribuidora Vitrine Filmes sobre a classificação. A alegação do governo foi que o longa possui cenas de “sexo complexo”. “Poderíamos ficar horas conversando sobre o que é um ‘sexo complexo’. Essa foi a argumentação e nossa resposta foi que do ponto de vista da direção e da produção, isso não existe”, disse a sócia da distribuidora Sílvia Cruz.