Geraldo Azevedo pede ‘Fora Temer’ e canta música de parceria com Vandré
Protesto de cantor e compositor é seguido por plateia carioca. 'Canção de Despedida' foi composta em 1968 e representa um dos ícones da música de protesto
Publicado 18/07/2016 - 16h38
São Paulo – Em show realizado ontem (17) no Circo Voador, na Lapa, região central do Rio de Janeiro, o cantor e compositor Geraldo Azevedo conclamou a plateia a gritar “Fora Temer!” e foi seguido com entusiasmo. Em seguida, ele fechou o espetáculo com Canção da Despedida, composição sua da época da ditadura civil-militar no país, em parceria com Geraldo Vandré, outro grande nome da música de protesto, autor da composição emblemática “Pra não dizer que não falei das flores”.
Canção da Despedida foi composta em 1968, e traz a história de separação de um casal, por causa da perseguição de um “rei mal coroado”, rapidamente identificado ao então presidente, o general Arthur da Costa e Silva.
Vandré havia acabado de apresentar Pra não Dizer que não Falei das Flores no Festival Internacional da Canção (FIC) da TV Globo. A canção logo foi proibida. Em dezembro, o governo baixou o Ato Institucional número 5 (AI-5), iniciando o período mais agudo do regime autoritário. O compositor passou um período escondido e deixou o Brasil em fevereiro de 1969, retornando apenas em julho de 1973.
Em 1968, Geraldo Azevedo formava o Quarteto Livre, ao lado de Franklin da Flauta, Naná Vasconcelos e Nelson Ângelo. O grupo acompanhou Vandré em suas últimas apresentações no Brasil, em dezembro. No ano seguinte, Geraldo é preso e torturado.
O paraibano Vandré (Geraldo Pedrosa de Araújo Dias) completará 81 anos em setembro. O pernambucano Geraldo Azevedo fez 71 em janeiro.
Confira a letra da música que embalou o protesto no Circo Voador.
Canção de Despedida
(Geraldo Vandré e Geraldo Azevedo)
Já vou embora, mas sei que vou voltar
Amor não chora, se eu volto é pra ficar
Amor não chora, que a hora é de deixar
O amor de agora, pra sempre ele ficar
Eu quis ficar aqui, mas não podia
O meu caminho a ti não conduzia
Um rei mal coroado
Não queria
O amor em seu reinado
Pois sabia
Não ia ser amado
Amor não chora, eu volto um dia
O rei velho e cansado já morria
Perdido em seu reinado
Sem Maria
Quando eu me despedia
No meu canto lhe dizia