Polícia aposta em rendição de chefes do tráfico no Alemão

São Paulo – Este sábado foi de expectativa no Complexo do Alemão, novamente ocupado por tropas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e blindados das Forças Armadas, uma tentativa de […]

São Paulo – Este sábado foi de expectativa no Complexo do Alemão, novamente ocupado por tropas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e blindados das Forças Armadas, uma tentativa de forçar a rendição dos chefes do tráfico local.

Pela manhã houve troca de tiros entre militares e bandidos e, em seguida, teve início a espera para saber qual seria o desfecho do caso. De acordo com o Exército, as tropas patrulham os principais acessos no alto do morro e as favelas estão cercadas.  “Não há hipótese de os traficantes serem bem sucedidos. Eles devem se entregar, essa é a hora. Depois que entrarmos, as coisas serão complicadas”, afirmou neste sábado (28) o comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Mario Sérgio Duarte. Ele informou que foi determinado uma área do morro na qual os criminosos devem se entregar. 

Após o discurso da PM, Diego Raimundo da Silva, considerado o braço-direito do chefe do tráfico no Alemão, resolveu se entregar. O rapaz de 25 anos foi convencido pela mãe, que telefonou para o 6º Distrito Policial e acertou um local para a rendição. “A família percebeu a situação e preferiu que ele se entregasse, se não poderia morrer em um confronto. Ele, então, desceu de Kombi, acompanhado da mãe e dos irmãos, para encontrar com os policiais daqui, que foram até lá buscá-lo”, resumiu o delegado adjunto Luiz Henrique Ferreira.

José Júnior, coordenador do grupo Afroreggae, foi chamado pelos grupos armados para fazer uma negociação entre as partes. Após passar toda a tarde no Morro do Alemão, Júnior sinalizou que já não acredita que haverá necessidade de levar adiante o conflito que antes se desenhava. “Alguns querem se entregar, outros não. Mas aquela famosa marra, eu não vi. Recomendei que se entregassem para evitar mais violência e um banho de sangue”, relatou. Na tentativa de atuar como mediador da situação, o coordenador da ONG informou que conversou com várias pessoas do morro e se disse preocupado com a vida de moradores, policiais e traficantes. “Não quero que ninguém morra, até porque tem muito ex-traficante fazendo um bom trabalho no AfroReggae”.

Ao mesmo tempo, nove acusados de participar dos atos de violência desta semana foram transferidos para o Presídio Federal de Catanduvas, uma das casas de segurança máxima do país.  A transferência foi autorizada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que aceitou pedido do governador Sérgio Cabral, que agora pode também determinar a transferência para presídios federais de qualquer pessoa que seja detida em supostos atos de terrorismo, como incêndio de ônibus e carros.

No avião que decolou neste sábado em direção ao Paraná estava o traficante Paulo César Figueiredo, o Bolão, que já cumpria pena no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste da capital fluminense, e teria ordenado de dentro da cadeia, por meio de advogados e familiares, que fossem feitos alguns dos ataques dos últimos dias. Além disso, foram expedidos nove mandados de prisão contra algumas das pessoas que teriam recebido essas ordens.

Orçamento

Levantamento feito pela bancada do PT na Câmara a pedido da Agência Brasil mostra que a presidente eleita, Dilma Rousseff, terá R$ 8 bilhões disponíveis para investimentos na área de segurança pública em 2011. A Comissão Mista de Orçamento do Congresso ainda analisa a possibilidade de incluir emendas parlamentares que fariam a soma aumentar. 

Dos R$ 8 bilhões propostos pelo Executivo no projeto orçamentário, apenas R$ 1,2 bilhão estão classificados como investimentos. Os técnicos ressaltam, entretanto, que R$ 2,8 bilhões separados para custeio e R$ 3,9 bilhões para pessoal dão suporte aos investimentos.

Além disso, do total de recursos destinado para segurança pública, 99% estão carimbados na rubrica “nacional”, ou seja, ficará a cargo do Executivo definir para que estado ou áreas serão destinados os recursos. Com isso, ainda não é possível avaliar para quais regiões irão os recursos.

Com informações da Agência Brasil e da Reuters