Secretaria de Segurança trata como ‘exceção’ abuso da polícia em Paraisópolis

Movimento social reuniu 40 denúncias anônimas. Disparo de bombas de efeito moral e balas de borracha estariam ocorrendo desde o início da Operação Sufoco, em outubro. Jovem de 17 anos perdeu a visão

São Paulo – A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma em nota estar apurando casos de abusos denunciados na semana passada por moradores da favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, mas diz que, se “houve eventuais erros”, eles são “exceção”.

Membros do movimento Tribunal Popular recolheram 40 relatos de abusos, além de fotos e vídeos mostrando policiais jogando bombas de efeito moral e gás lacrimogênio em estabelecimentos comerciais como pizzarias e bares e atirando balas de borracha contra os moradores. Uma adolescente de 17 anos teria sido atingida por uma dessas balas no olho e perdido a visão. 

Os moradores acusam um grupo de PMs conhecido como “Bonde do Careca” como responsável pela violência e imposição de um toque de recolher a partir das 22h.  “Os policiais entram nas lajes e jogam bomba dentro das casas. Um senhor que é contratado para tocar (forró) nas casas informa que em uma festa de criança os policias entraram e jogaram bombas. A festa estava repleta de crianças, todas ficaram sufocadas. Os adultos (pais) tentaram falar com o policial, o Careca, mas o referido policial continuou a jogar bombas na laje”, afirma o texto da denúncia encaminhada à SSP, em que também constam as placas das viaturas envolvidas.

Em outubro, no auge da onda de violência na cidade, a polícia localizou em Paraisópolis uma lista com nome de 40 policiais que supostamente deveriam ser mortos, o que deflagrou a Operação Sufoco, cujo objetivo oficial era impedir o comércio de entorpecentes e realizar a prisão de criminosos.