Desafios

Pimenta defende ‘Plano RS’: Reconstrução e sustentabilidade

TVT retransmite nesta segunda-feira (20), às 22h15, a entrevista que o ministro Paulo Pimenta, responsável pelo apoio do governo federal na reconstrução do Rio Grande do Sul, concedeu à mídia alternativa

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
O crédito extraordinário não impacta os resultados fiscais previstos na LDO 2024, em função do reconhecimento do estado de calamidade pública

São Paulo – O ministro da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, afirmou neste domingo (19) que, diante das enchentes e inundações que devastaram o estado, é preciso estruturar um programa de recuperação pautado em uma lógica “socioambiental sustentável”, que discuta as causas dessa tragédia e estabeleça formas de evitar, ou ao menos mitigar, novas situações semelhantes.

A entrevista promovida pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé vai ao ar novamente nesta segunda-feira (20), às 22h15, na TVT. Por mais de uma hora e meia, Pimenta falou a jornalistas da mídia independente sobre os desafios da reconstrução do seu estado.

Ele defendeu a sua própria indicação para a Secretaria Extraordinária como alguém que conhece o Rio Grande do Sul, e tem ampla interlocução com os ministros do governo, além do próprio presidente, e também com o governo do estado e as prefeituras, de modo a garantir rapidez e agilidade nas respostas à tragédia.

“Vocês queriam o quê? Que o presidente Lula colocasse para coordenar isso alguém que não conhece o Rio Grande do Sul? Alguém que não tem trânsito dentro do governo?”, rebateu o ministro. “Hoje de manhã eu já falei com Haddad (Fazenda), já falei com o Camilo (Educação), já falei com o Múcio (Defesa) , com praticamente todos. Já falei com o presidente três ou quatro vezes. É preciso ter alguém que possa falar com todo mundo, que possa falar com o governador, que tenha trânsito na bancada Estadual, na bancada Federal. Então esse é o papel desse ministério”.

Também criticou a máquina de fake news bolsonarista, que tenta minar os esforços do estado na reconstrução. Nesse sentido, disse que a produção de mentiras em escala industrial repete os mesmos padrões que os opositores utilizaram durante a pandemia e nas últimas eleições.

No meio da tragédia

Até o momento, as enchentes e alagamentos deixaram 157 mortes no Rio Grande do Sul, enquanto outras 88 pessoas seguem desaparecidas. Dos 497 municípios do estado, 463 foram afetados. Ao mesmo tempo, 76,18 mil pessoas estão em abrigos. Ao todo, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas.

“Ainda estamos no meio da tragédia”, disse Pimenta. “Tem regiões do estado em que a água ainda está subindo. Tem regiões em que a água já baixou. Nós já estamos iniciando o trabalho de limpeza, de restabelecimento, começando a discutir a reconstrução. Nós temos a região metropolitana de Porto Alegre, onde boa parte dela está embaixo d’água. E nós temos a região sul do estado. Pelotas, Rio Grande, São Lourenço, onde a Lagoa dos Patos vai para o mar, que ela ainda está subindo. E ainda vai subir mais. E tem previsão de chuva para essa semana”.

Nesse sentido, afirmou que é preciso proceder para “que daqui para frente situações como essa não se repitam”, defendendo o “plano RS”. “Por que que eu falo plano RS? Recuperação sustentável. Nós precisamos discutir a questão ambiental. Nesse momento nós vamos fazer a reflexão sobre porque as coisas chegaram aonde elas chegaram. E como que nós podemos discutir um plano daqui para frente, que não abra mão destas questões que num determinado momento foram esquecidas ou relegadas pelo poder público”.

Políticas públicas

Ele destacou que, desta vez, o volume de chuva foi 70% maior do que a grande enchente de 1941, colocando em xeque o sistema de bombas e diques que deveriam proteger a região metropolitana. “Em algumas cidades, a água passou por cima do dique, em outras o dique rompeu. Das 23 bombas de Porto Alegre, apenas duas funcionaram. Essas bombas são dos anos 70. Seria como se cada um de nós aqui com um corcel 75, um Brasília 76, quando estraga uma peça, não existe outra”, disse ele.

Dessa maneira, criticou a redução dos investimentos em prevenção. “No governo Dilma, essa região teve sete projetos aprovados para prevenção de enchentes e proteção de encostas. Com o golpe, não recebeu mais um centavo para prevenção de enchentes e segurança de encostas. Existe toda uma lógica para ter chegado até isso. Ocorreram opções de não investir em prevenção, estudos ambientais”, ressaltou.

E citou a operação do governo federal, em coordenação com o estado e prefeituras, para retirar as águas que invadem a região metropolitana. Nesse sentido, estão chegando ao estado 27 bombas de escoamento para expulsar as águas da região. Isso porque só assim será possível estabelecer a verdadeira dimensão da tragédia.

Habitação

O ministro afirmou que o próximo grande desafio será a transição das pessoas que hoje estão em abrigos para as novas moradias. Dessa forma, citou a a decisão do governo de expandir o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), de forma a facilitar o acesso das famílias que perderam suas casa.

“Dessas 80 mil pessoas que hoje estão em abrigos, talvez algumas possam voltar para casa, muitas não, e esse grande universo de pessoas que estão fora de abrigos, mas também não têm casa para voltar. Então, esse é o grande debate ainda. Como é que o poder público oferece dignidade e condição para que as pessoas façam uma transição adequada até poder chegar o momento em que elas voltem a ter uma casa? E aí existem visões diferentes, existem concepções distintas que vão aflorar de forma muito intensa a partir dos próximos dias.”