Quatro sirenes não soaram em Teresópolis, apesar da forte chuva, diz prefeitura

Rio de Janeiro – Quatro das 14 sirenes que deveriam ter sido acionadas por causa do temporal que atingiu Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na última sexta-feira […]

Rio de Janeiro – Quatro das 14 sirenes que deveriam ter sido acionadas por causa do temporal que atingiu Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (6), não funcionaram. Com isso, muitas pessoas ficaram em suas casas, apesar das fortes chuvas.

Entre os bairros que ficaram sem sirene estão Fonte Santa e Pimentel, onde morreu uma pessoa, vítima de um deslizamento. Em Perpétuo, uma das duas sirenes não chegou a ser acionada. Segundo o prefeito de Teresópolis, Arlei Rosa, a Defesa Civil está avaliando o porquê do problema e fará um relatório técnico sobre isso.

Mesmo em bairros onde as sirenes foram acionadas, como Quinta Lebrão, moradores dizem que o acionamento demorou muito. No local, moradores dizem que o alarme só soou depois do temporal, horas depois que um barranco deslizou, matando uma jovem de 16 anos.

Leia também:

  • Civilização de riscos  – Diante de eventos naturais cada vez mais intensos – agravados por ações humanas e tragédias –, o poder público reage. Mas riscos podem levar 20 anos para serem eliminados

Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o acionamento é feito por mensagem de texto (SMS). Caso haja falha, agentes dos núcleos comunitários de Defesa Civil são treinados para soá-las manualmente. “Isso não pode ter falha. A gente tem que ver onde teve falha, para não acontecer de novo”, disse o prefeito.

De acordo com Arlei Rosa, há um projeto para retirar os moradores de Teresópolis das áreas de risco, mas ele não informou quando isso ocorrerá nem quantas pessoas serão atendidas. “A gente está fazendo um projeto com o governo do estado. São muitas famílias, mas o governador do estado já falou comigo por telefone, e a gente vai fazer isso junto. Isso é um compromisso meu, como prefeito, e do governo do estado também”, disse.

Por conta da falha, muitos moradores da comunidade de Pimentel permaneceram em suas casas, apesar do temporal e das residências estarem localizadas em área de risco. “A chuva começou às 16h de sexta-feira. Foi uma chuva muito forte. Deu a primeira pancada, a segunda, depois continuou a chuva. Aí começaram as luzes a apagar e acender. No final, a luz apagou totalmente. O desespero foi grande. Por volta das 22h, nós subimos as ruas gritando para o pessoal descer, porque a nossa sirene deu algum problema. Foi um verdadeiro pânico aqui dentro do bairro Pimentel”, conta o presidente da Associação de Moradores, Marcos Paulo da Silva.

Segundo Silva, algumas pessoas ouviram os chamados e deixaram suas casas, deslocando-se para um ponto de apoio seguro da Defesa Civil, localizado em uma igreja. Mas nem todos. Jason da Cunha Silva resolveu ficar em casa, para desentupir a calha de seu terreno e desviar a água acumulada na parte de trás de sua casa. Foi quando o barranco atrás de sua residência deslizou sobre ele, soterrando-o

Vizinhos, como Rosimere Portela, de 38 anos, ainda tentaram ajudar a desenterrá-lo com vida, sem sucesso. “Eu estava dentro de casa, quando escutei um barulho. Olhei pela janela e vi que havia caído um pedaço do barranco. Cheguei na casa dele e um rapaz falou: ‘moça, me empresta uma enxada e uma pá, porque meu filho está soterrado aqui’. Eu vim desesperada, correndo, pedindo a pá ao meu filho e desci com a pá, mas quando fui tirar ele, já tinha morrido”, afirmou Rosimere.

A própria Rosimere permaneceu em casa, com o filho, apesar da forte chuva, porque não ouviu qualquer alerta para sair. Mesma atitude tomou Ilda Pacheco da Silva, de 48 anos, que também ficou em casa porque não foi alertada.

Por pouco, Ilda não foi vítima. Um barranco desabou atrás de sua casa. “Ficamos todos deitados em cima da cama. Aí meu marido levantou e foi ver a janela. Ele disse: ‘vem ver o que aconteceu aqui’. Aí eu fui para a janela. Quando eu cheguei lá tinha descido uma barreira atrás da casa. Diante disso, eu peguei meus documentos e fui para a casa da minha mãe do lado. Fiquei lá até a chuva passar. Não ouvimos nenhuma sirene”, disse.

Leia também

Últimas notícias