Para sindicalista, monotrilho de Alckmin repete fura-fila de Pitta

São Paulo – O monotrilho previsto para operar na Linha 17 – Ouro e interligar, na primeira fase, o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da Linha 9 – Esmeralda […]

São Paulo – O monotrilho previsto para operar na Linha 17 – Ouro e interligar, na primeira fase, o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da Linha 9 – Esmeralda (Osasco – Grajaú) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos repete “erros de planejamento” do governo do estado de São Paulo na administração do Metrô e da CPTM. Na segunda fase da obra, a linha chegará à estação Jabaquara da Linha 1 – Azul do Metrô. “É um crime para o patrimônio público e para a população o projeto do monotrilho”, disse o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Junior. Na opinião do sindicalista, a densidade populacional da região exige um modal com maior capacidade de transporte, como o metrô.

O monotrilho é um veículo movido a eletricidade e trafega em um único trilho, diferentemente do sistema ferroviário tradicional que possui dois trilhos paralelos.

Cada locomotiva tem em média seis vagões. O modal é usado internacionalmente para atender a trechos de baixa lotação, como parques de diversões na Europa e Estados Unidos. Há outro modelo em que o comboio se locomove suspenso, preso a armações de ferro. O único gênero existente no Brasil está em Poços de Caldas, Minas  Gerais, com pouco mais de seis quilômetros de extensão, e restrito ao turismo da cidade.

Por envolver a construção de vias elevadas, o monotrilho pode representar prejuízo urbanístico à cidade. O Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, no centro de São Paulo, é um exemplo do impacto desse tipo de via.

O modal é comumente usado para interligar trechos de pequenas densidades populacionais e complementar grandes redes de metrô e ferrovia. “É para pequenos trechos, mas em São Paulo o governo quer trocar metrô por monotrilho”, afirmou Altino.

O sindicalista teme o desperdício dos R$ 3,2 bilhões previstos para a totalidade da obra. “Os investimentos não poderão ser deixados de lado quando os problemas aparecerem”, disse.

“É como o Fura-fila do (ex-prefeito) Celso Pitta. Gasta-se uma grana absurda, demora uma década para construir e depois fica com um elefante branco”, disse. Altino entende que os investimentos na obra deveriam ter sido empregados na construção de metrô em São Paulo. O Fura-fila é um veículo leve sobre pneus lançado em 1997, durante a gestão de Pitta. A obra foi rebatizada várias vezes até que foi inaugurada em 2007, pelo prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD), com o nome de Expresso Tiradentes. 

Segundo Altino, ao optar pelo monotrilho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) está subdimensionando a necessidade de transporte na região, como já teria ocorrido nas linhas do Metrô e na CPTM, que sofrem com superlotação. “Quanto tiver os primeiros problemas vão dizer ‘não esperava, estou surpreso que tem tanto usuário’”, prevê. “O problema é que há interesses por trás e vontade de inaugurar um monte de coisas, porque tem jogo eleitoral”, disse.