UFRJ realiza ato contra a ditadura nesta segunda: ‘Momento de reflexão’
De acordo com professor Pedro Bocayuva, é importante levar o debate para o meio acadêmico enquanto o presidente incentiva a comemoração no setor militar
Publicado 01/04/2019 - 10h59
No Rio de Janeiro, milhares de pessoas foram às ruas, neste domingo (31), em repúdio ao golpe de 1964
São Paulo – Em memória das vítimas da ditadura civil-militar de 1964, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realiza um ato, nesta segunda-feira (1º), às 12h. De acordo com Pedro Cunca Bocayuva, professor da UFRJ, é importante levar o debate para o meio acadêmico enquanto o presidente Jair Bolsonaro incentiva a comemoração no setor militar.
“A universidade tem que aproveitar esses atos para um momento de reflexão da realidade, estimulados pelo próprio presidente que trouxe a discussão para os quartéis, então faremos na universidade, mantendo os valores da liberdade”, afirmou à Rádio Brasil Atual.
O ato é convocado pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida (Nepp-DH). A atividade contará com a presença de professores, servidores, estudantes e representantes de entidades entidades estudantis e de direitos humanos.
A manifestação será feita em frente ao prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ. O professor lamenta que o debate sobre as ilegalidades ocorridas durante a ditadura não alcançam a sociedade brasileira num todo. “As forças que controlam os sistemas de comunicação e de educação barraram. Assim como todo o período de redemocratização, os quartéis ficaram prisioneiros de uma doutrinação, a ponto do atual presidente ser paraninfo de turmas militares, o que é grotesco e desonra a história”, critica.
Para Bocayuva, a realização do ato no Rio de Janeiro é ainda mais simbólico, dentro do contexto do assassinato de Marielle Franco e as chacinas nas periferias. “Nós chegamos a isso por causa de três movimentos: o medo da classe média, um processo de contínuo de ataque às populações periféricas e as denúncias de corrupção. É um cenário que se constrói nesse contexto. No Rio, as eleições foram feitas sob intervenção militar.”