Brasil, 2022

Universidade expulsa doutorando por racismo e apologia ao nazismo

Após denúncia e pressão de estudantes, reitor da UFRGS assinou portaria determinando desligamento de doutorando em Filosofia indiciado pela polícia por crimes de racismo e apologia ao nazismo dentro do campus

DCE Ufrgs/ Divulgação
DCE Ufrgs/ Divulgação
O tradutor do filósofo ultranacionalista expulso Aleksandr Dugin escreveu livro com Olavo de Carvalho

Extra Classe – Tradutor do filósofo ultranacionalista russo Aleksandr Dugin, que escreveu, com Olavo de Carvalho, o livro-debate Os EUA e a nova ordem mundial, o doutorando em Filosofia Álvaro Körbes Hauschild, 29 anos, foi expulso na quinta-feira, 14, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ele foi denunciado por alunos por racismo e apologia ao nazismo. Após forte pressão, o reitor Carlos André Bulhões Mendes assinou a portaria que determou o desligamento. Estudantes e funcionários comemoraram nas redes sociais a expulsão.

“Após mobilizações da comunidade acadêmica o nazista Álvaro Hauschild, doutorando em filosofia na Ufrgs, foi expulso! Vitória das mobilizações e da luta antirracista!”, destaca a União Estadual de Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE)

“Álvaro Körbes Hauschild, ex-estudante de doutorado em Filosofia da Ufrgs teve, finalmente, sua matrícula cancelada na universidade. Esse feito é mérito de toda a comunidade universitária, técnicos, estudantes, professores e demais setores que apoiaram a causa e exigiram e expulsão imediata do criminoso”, ressalta a entidade em nota.

A UEE registra que a Ufrgs e qualquer outra instituição de ensino público “não são locais para nazistas e qualquer tipo de ideologia discriminatória! A expulsão de Álvaro representa o triunfo das políticas públicas e da diversidade dentro do espaço universitário”.

“Nazistas não passarão!”, registrou o Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da Ufrgs, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (Assufrgs – Sindicato).

Racismo e apologia ao nazismo

Em outubro de 2021, a Ufrgs iniciou processo interno para apurar as denúncias contra Hauschild, que foi indiciado por racismo qualificado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul e o caso foi remetido à Polícia Federal.

Hauschild enviou por mensagens e textos ofensas a grupos minoritários. Em mensagens enviadas no dia 29 de setembro, ele assedia a psicóloga Amanda Klimick, namorada do estudante negro da Ufrgs, Sérgio Renato da Silva Júnior, conhecido como Jota Júnior. De acordo com os autos do inquérito policial, nessas mensagens Hauschild afirma que a raça negra “exala um cheiro típico”, “tem um cérebro programado para fazer o máximo de filhos que puder” e “consegue harmonizar bem na savana”.

Não foi o primeiro caso de injúria racial praticada pelo acusado. Em outro episódio de assédio, Hauschild também enviou mensagens à namorada de um cineasta e editor de ascendência judia, afirmando que não há provas de que o Holocausto existiu. Ele também defende a eugenia e faz circular imagens associadas ao neonazismo e aos grupos que defendem a supremacia branca.

“Eu senti bastante raiva (quando li as mensagens), ainda mais quando descobri que ele realmente tinha esse padrão de assediar as namoradas de pessoas com quem ele tem preconceito”, afirmou o jovem no inquérito.

A PF esteve no dia 7 de julho no prédio onde morava Hauschild, em Porto Alegre, para cumprir um mandado de busca e apreensão de conteúdos discriminatórios. Ele não foi encontrado. Os agentes foram informados que o estudante estaria internado para tratamento de saúde e que seu apartamento, alugado.