Sem-terra permanecem internados após serem feridos em fazenda de Daniel Dantas
Representantes do MST e governo do Pará estão reunidos; conflito deve continuar
Publicado 22/06/2012 - 15h11
Trabalhador sem-terra baleado em choque com seguranças de fazenda que tem banqueiro Daniel Dantas como sócio (CC/mst.org.br)
São Paulo – Três trabalhadores permanecem internados após sofrer ferimentos leves ontem (21), durante ato do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra na fazenda Cedro, em Marabá (PA). A área pertence à Agropecuária Santa Bárbara, que tem o banqueiro Daniel Dantas como um dos sócios. Os trabalhadores acusam os seguranças da área de fazer disparos em direção ao grupo que protestava contra o desmatamento e o uso excessivo de agrotóxico.
Os donos da fazenda são réus em dois processos judiciais por grilagem de terras públicas e danos ambientais. Cerca de 92% da área está desmatada. Desde o conflito, um grupo de trabalhadores permanece acampado diante da sede da fazenda.
“Tudo isso é consequência da incapacidade do Incra de dar resposta a esse conflito que vem desde 2008. Não há vontade do governo federal, que sabe se tratar de terras públicas griladas”, afirma Charles Trocate, coordenador nacional do MST.
Desde o início da manhã de hoje o desembargador ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, está reunido com lideranças do MST, representantes do governo do Pará e com o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Luiz Fernandes Rocha.
Mas, para as lideranças do MST, não há grande expectativa em relação à reunião. “O Gercino faz mediação de conflitos. O conflito não vai acabar porque não vamos sair das terras”, afirmou Charles. A expectativa é que as lideranças do movimento se reúnam na semana que vem com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e o presidente do Incra, Celso Lacerda.