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PM dispersa mais uma vez com violência ato contra reajuste da tarifa em São Paulo

MPL estimou a participação de 10 mil pessoas e a PM falou em 3 mil; ato foi acompanhado por centenas de policiais, que a poucos metros do local previsto para encerramento dispersaram todos com uso de bombas

mpl/reprodução

Ruas do centro de São Paulo foram tomadas pela marcha, que começou na Praça Ramos e terminou na Praça da República

São Paulo – O quarto ato deste ano contra o aumento das tarifas de transporte público de São Paulo, ocorrido no último dia 6, percorreu as ruas do centro da capital no final da tarde de hoje (23) e adentrou a noite. A poucos metros de onde deveria terminar, por volta das 20h30, o protesto foi dispersado mais uma vez pela Polícia Militar, que disparou bombas de gás e balas de borracha. Policiais disseram ter reagido ao disparo de rojões. Terça-feira ( 27) será realizado o quinto ato, com concentração no Largo da Batata, na zona oeste.

Pelo Twitter, o Movimento Passe Livre, organizador do evento, disse que manifestantes detidos estavam bastante feridos e que dois adolescentes, também feridos, foram levados por policiais a um hospital. A PM, pela mesma rede, disse que quatro detidos eram suspeitos de atirar bombas.

A marcha, realizada grande parte sob forte chuva, saiu da Praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal, passou pela prefeitura, no Viaduto do Chá, pela Secretaria Estadual dos Transportes, na Rua Boa Vista, retornou à prefeitura e seguiu para a Câmara Municipal, na rua Rua Maria Paula, de onde partiu para a Praça da República, local previsto do encerramento. O Movimento Passe Livre (MPL) estimou a participação de 10 mil pessoas.

A forte chuva que caiu poucos após o início não tirou a força do protesto. Os manifestantes distribuíam aos populares panfletos para esclarecer a luta, iniciada em 1999, pela tarifa zero em todo o país. O ato foi acompanhado por centenas de policiais que mantiveram um cordão de isolamento, impediu até mesmo que as pessoas saíssem da marcha para se proteger da chuva.

Após a concentração e a decisão do trajeto, alguns manifestantes colocaram fogo em uma catraca em frente ao Teatro Municipal para simbolizar a luta do movimento pela tarifa zero para todos nos ônibus, trem e metrô. O protesto mantém as palavras de ordem utilizadas em junho de 2013, quando a pressão popular conseguiu que fosse cancelado o reajuste, na época de R$ 3 para R$ 3,20: “Vem pra rua, vem, vem pra rua, vem, contra a tarifa”. Também apelaram a Raul Seixas: “Viva, viva a sociedade sem tarifa”.

Apesar do recuo tanto do prefeito Fernando Haddad (PT), quanto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2013, neste ano o reajuste passou a vigorar no dia 6 deste mês, elevando as tarifas de R$ 3 para R$ 3,50.

Nas duas primeiras manifestações deste ano, nos dias 9 e 16, também houve uso de violência policial. A PM usou bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e balas de borracha e impediu que os atos chegassem ao final. Na terça-feira (20), o protesto realizado nas ruas do Tatuapé, na zona leste, transcorreu sem transtornos. O MPL comemorou o fato de a marcha ter tido começo, meio e fim, ao ser concluída no Largo do Belém.

Cobertura do 1º ato, em 9/1/2015

Cobertura do 2º ato, em 16/1/2015

Cobertura do 3°ato, em 20/1/2015