Caso Vini Jr.

Racismo exige intolerância, afirma autora de projeto que propõe interromper jogos diante do crime

“Não basta ser solidário contra um crime de racismo, é preciso ser antirracista”, destaca deputada estadual Beatriz Cerqueira sobre o caso do jogador Vini Jr, na TVT

Instagram/Reprodução
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A proposta é de autoria da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) e leva o nome do atacante brasileiro

São Paulo – O ataque racista sofrido pelo jogador de futebol Vinicius Júnior, na Espanha, durante uma partida de seu time, o Real Madrid, contra o Valência, no último domingo (21), provocou diversas reações de solidariedade e apoio ao atacante, em vários cantos do mundo. No Brasil, um projeto de lei inédito chamou atenção para a importância do encerramento de jogos em casos de discriminação racial dentro de campo.

A proposta é de autoria da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) e leva o nome do atacante brasileiro. Indignada com o crime que vitimou Vini Jr., a parlamentar criou um “Protocolo de Combate ao Racismo nos Estádios e Arenas Esportivas” que prevê a interrupção ao encerramento da partida em caso de racismo. A medida, apresentada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, também estabelece formas de acolhimento e auxílio às vítimas de discriminação racial.

De acordo com Beatriz, o futebol é um espaço “muito importante para que deixemos passar crimes como esse que abalou o mundo. Temos que nos tornar intolerantes”. A deputada foi uma das entrevistadas na edição deste sábado (27) do programa Revista Brasil TVT, da TVT. E afirmou que uma sociedade racista, misógina, fascista, que naturaliza a eliminação do outro, é resultado de anos de tolerância com crimes inaceitáveis.

‘É preciso ser antirracista’

“Foi muito cruel, muito violento. Você é vítima de um crime, identifica o seu agressor, o criminoso, e você que é expulso. (Vini Jr.) se tornou alvo de uma violência física e, na sequência, foi expulso como se ele fosse o responsável pelo que aconteceu em campo. (…) Foi muito violento e, ao vivo, a dimensão da violência é muito maior. Eu coloquei no projeto de lei o nome do Vini porque é uma referência à postura dele. Primeiro referencia-lo porque, ao decidir apontar seu agressor, não se calar, denunciar os crimes de que é vítima, é uma postura importante. E em segundo, a gente precisa ter repostas legislativas para tornar essa sociedade melhor do que aí está”, destacou a deputada.

Beatriz lembrou que, assim como na Espanha, o Brasil é um país marcado pelo racismo e demora a responder adequadamente ao crime. Diante disso, a parlamentar defende que a produção legislativa tem esse papel de “disputar essa intolerância ao crime”. “Não basta ser solidário contra um crime de racismo, é preciso ser antirracista, tornar a sociedade livre do racismo”, afirma.

“Por isso chamo atenção, no projeto de lei, que tem que ter que interromper a partida”, justifica aos jornalistas Ana Rosa Carrara e Cosmo Silva. “É preciso medidas extremas para lidar com extremos, que são pessoas que não se importam em praticar crimes de racismo televisionado. Essa é a natureza da gravidade da situação. (A pessoa racista) sabe que está em um lugar com não sei quantas câmeras, em transmissão ao vivo, e não se incomoda em praticar o crime. Então é assustador”, acrescenta.

Chico presta solidariedade

“Futebol é uma referência para a juventude, para as nossas crianças. E se eu posso ir ao estádio com o meu pai e a minha mãe e ver a pessoa do lado praticar um crime de racismo e fica por isso mesmo, a criança chega em seus demais ambientes com uma referência de normalidade de um crime que não pode ser praticado”, conclui a parlamentar.

Entre os apoios ao jogador, um dos maiores nomes da música brasileira, o cantor e compositor Chico Buarque homenageou Vini Jr., ontem (26), durante seu show na cidade do Porto, em Portugal.

Saiba mais na entrevista: