'Descontentamento'

PUC de São Paulo lamenta violência policial, e alunos protestam

UNE também critica ação da PM, que considera 'parcial' por atacar apenas quem se manifestava contra o impeachment

Reprodução/Youtube

Policiais protegem manifestantes anti-governo na PUC

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São Paulo – A reitora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Anna Maria Marques Cintra, lamentou a violência da Polícia Militar, que ontem (21) à noite agrediu estudantes durante manifestação diante da instituição, em Perdizes, zona oeste da capital paulista. Em ofício ao governador Geraldo Alckmin e ao secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, ela externou seu “descontentamento com as ações” da PM, que atacou alunos com bombas, tiros de borracha e gás lacrimogêneo. No ofício, a reitoria da PUC disse que “lamenta o ocorrido, além de ser contra qualquer ato de violência”.

Hoje pela manhã, estudantes fizeram um ato contra a violência policial. Também houve críticas à reação da universidade. “É uma vergonha que a PUC diga que apenas lamenta o ocorrido”, disse um dos organizadores da manifestação, o estudante de Direito Vitor Bastos, para quem a ação foi excessiva e desigual – e apenas contra o grupo contrário ao impeachment. “A gente foi encurralada pela Polícia Militar. Enquanto eles atiravam gás lacrimogêneo de um lado, fecharam a passagem dos outros lados.”

Durante manifestação a favor do impedimento da presidenta Dilma Rousseff, alguns alunos reclamaram do volume do carro de som estacionado na porta da faculdade, e houve discussão entre estudantes. A PM interveio sob alegação de evitar um confronto.

O Departamento de Direito Público da Faculdade de Direito da PUC divulgou nota de de repúdio à “ação inadequada e desproporcional” por parte da Polícia Militar. “A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo se notabilizou no passado por sua luta contra a ditadura e a violação sistemática dos direitos humanos. Sofreu por isso uma invasão da polícia em 1977 e um incêndio criminoso na década de 1980″, diz a mensagem assinada pelo professor Silvio Luís Ferreira da Rocha, chefe do Departamento de Direito Público da Faculdade de Direito da instituição, assinalando que o local “por isso não se constitui apropriado para a divulgação de discursos preconceituosos, de ódio, que incitem a violência ou atentem contra a ordem jurídica, ainda que sob o simulacro da legalidade”.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) também criticou a ação. “Apesar da tensão que cerca esse tipo de encontro, tudo corria bem, não fosse pela intervenção truculenta e claramente ideológica da polícia militar do Estado de São Paulo”, diz a entidade, em nota. “Para além dos relatos de estudantes e professores, os vídeos que circulam são prova definitiva de que sem nenhum motivo a tropa toma partido na manifestação e ataca violentamente os estudantes que se posicionam pela democracia.”

A UNE também manifestou “surpresa e indignação” com o fato de o secretário da Segurança ter considerado a ação “legítima”.  Para a entidade, a parcialidade da PM paulista é “evidente”.

Com informações da Agência Brasil

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