Verdade

PUC de São Paulo instala sua comissão para investigar violações durante a ditadura

Colegiado leva o nome de Nadir Kfouri, reitora na época da invasão de 1977

©Folhapress

Tanque e viatura da polícia militar estadual durante a invasão da PUC de São Paulo, em 1977. Responsabilidades a serem apuradas

São Paulo – Foi instalada ontem (6) à noite, no Tucarena, a Comissão da Verdade da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, que leva o nome da reitora Nadir Gouvêa Kfouri, que ocupava o cargo na época da invasão do campus da universidade, em Perdizes, zona oeste, em 1977 – ela morreu em 2011. A PUC “foi um lugar que acolheu professores cassados, alunos expulsos de universidades públicos e empregou pessoas que saíram das prisões ou regressaram do exílio”, diz a professora Marijane Vieira Lisboa, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais.

Ela integra a comissão juntamente com os professores Antonio Carlos Malheiros (Direito), Heloisa de Faria Cruz (História), Leslie Denise Beloque (Economia), Rosalina de Santa Cruz Leite (Serviço Social) e Salma Tannus Muchail (Filosofia), além da advogada Ana Paula Albuquerque Grillo, que representa a Arquidiocese de São Paulo e a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC. Vice-reitor na gestão de Nadir Kfouri, o professor João Edênio dos Reis Vale foi nomeado membro honorário.

O secretário nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, representou o governo. Também estavam lá a deputado federal Luiza Erundina (PSB-SP), ex-professora da PUC, e o presidente da Comissão da Verdade de São Paulo, deputado Adriano Diogo (PT). São originários da PUC nomes como os de Florestan Fernandes e de Paulo Freire.

Na noite de 22 de setembro de 1977, policiais liderados pelo coronel Erasmo Dias, então secretário da Segurança Pública do estado, invadiram a universidade, onde se realizava um ato público com aproximadamente 2 mil pessoas. “Tá todo mundo preso!” é uma frase emblemática daquele operação. Na época, o cardeal-arcebispo de São Paulo era dom Paulo Evaristo Arns, ex-grão-chanceler da PUC.

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