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Projeto quer acolher pessoas LGBT expulsas de suas casas

O projeto começou quando o idealizador Iran Giusti resolveu abrir as portas de seu apartamento para receber quem precisasse. Em cinco horas, 40 pessoas pediram ajuda

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Giusti: ‘Acreditamos que nossa sociedade pode funcionar coletivamente’

São Paulo – “Ao contrário de outras minorias, grande parte das pessoas LGBT acaba não tendo apoio dentro de suas próprias residências”, afirma Iran Giusti, idealizador do projeto Casa 1, um centro cultural e de acolhimento, na capital paulista, para pessoas expulsas de suas casas por preconceito. A ideia é acolher e trazer a diversidade não apenas para os moradores da casa, como para quem quiser participar”, completa. Para o plano sair do papel, Giusti e apoiadores organizaram um financiamento coletivo.

Tudo começou quando, em 2015, o relações públicas Giusti resolveu abrir as portas de seu apartamento para ajudar essas pessoas. De acordo com um levantamento do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia, 37% dos brasileiros não aceitam um filho LGBT. “Eu tinha um sofá e disponibilizei para quem quisesse. Em cerca de cinco horas de postagem no Facebook recebi quase 40 pedidos de ajuda e acolhimento. Infelizmente não consegui ajudar muitas pessoas”, disse.

Ao perceber esta demanda, surgiu a ideia de criar um espaço autossustentável de acolhimento. No local, serão ministrados cursos, palestras e workshops com renda revertida ao projeto. O primeiro passo é alugar uma casa. “Nossa casa estará localizada na região central de São Paulo, pela facilidade em mobilidade dos moradores e pelo acesso ao público que se interessar pelas atividades. O centro também necessita de atenção, e a ideia é que nossa programação contemple também os moradores locais”, afirma o texto do financiamento coletivo.

“Para que aconteça, precisamos de ajuda. Esse projeto visa a conseguirmos o valor do aluguel desse espaço. Sim, é apenas o valor do imóvel pelo período de um ano. Nós seremos uma casa autossustentável em que as próprias atividades custearão nossa manutenção. A escolha do financiamento coletivo se deu não só por questões burocráticas, mas também porque é a forma que acreditamos que nossa sociedade pode funcionar: coletivamente”, afirma.

Para o financiamento foram estipuladas duas metas. A primeira, conseguir o valor do aluguel de uma casa por um ano. O valor estipulado é de R$ 83.952,00, sendo que o apoiador pode doar a quantia que lhe couber no bolso. A arrecadação vai até o dia 30 de novembro e, caso a primeira meta não seja atingida, o valor será devolvido para os benfeitores. Até o momento desta reportagem, as doações passavam de R$ 26 mil.

A segunda meta é mais ousada. Pretende conseguir R$ 153.120,00, entretanto, não funciona no modelo “tudo ou nada”. “Essa quantia é a ideal para que consigamos atender o dobro de pessoas que precisam de acolhimento e também a realização de atividades mais elaboradas. Ela não é tudo ou nada, mas pra gente é como se fosse, afinal, esse é um projeto que pretende lidar com vidas, então, atingir nossa segunda meta implica em ajudar muito mais pessoas.”

Apesar do fato de que o colaborador pode doar qualquer quantia, existem valores estipulados que dão direito à recompensas elaboradas por apoiadores. Caso a doação seja de R$ 20, “você terá o seu nome na entrada de nossa casa, para lembrarmos sempre de sua ajuda para que o projeto existisse”. Com R$ 30, o benfeitor recebe um lambe lambe do artista Edu Castelo. Acima deste valor, existe a opção de 33 palestras, workshops e cursos ministrados por profissionais voluntários, além de ilustrações do artista Thiago Frias. Os valores vão de R$ 40 até R$ 600.

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