direitos humanos

Programa ‘A Chance to Play’ estimula futebol com cidadania

Resultados obtidos na África do Sul durante a última Copa estimularam a reprodução do programa no Brasil

arquivo/a chance to play

Programa cria espaços em que as crianças podem brincar de jogos e realizar atividades culturais

São Paulo – O programa A Chance to Play (O Direito de Brincar), criado pelo Comitê Mundial dos Trabalhadores da Volkswagen em parceria com a ONG alemã de defesa dos direitos da criança e do adolescente Terre des Hommes, atende a 60 mil crianças e jovens brasileiros. O projeto, voltado para o desenvolvimento de crianças e adolescentes através de brincadeiras, é realizado em comunidades nos entornos das fábricas da Volks em São Bernardo do Campo, São Carlos, Taubaté (todas em São Paulo) e São José dos Pinhais (PR).

Criado em 2010, no contexto da Copa do Mundo na África do Sul, A Chance To Play atendeu a 40 mil crianças e adolescentes no país africano. No Brasil, estão sendo desenvolvidas ações desde 2013. Segundo Tuto Wehrle, integrante do comitê e diretor do programa no Brasil, os resultados obtidos na África do Sul estimularam a extensão da iniciativa para as crianças brasileiras.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta quarta-feira (9), Tuto afirma que esse é um instrumento essencial para assegurar que crianças e adolescentes possam se desenvolver com dignidade e justiça. “É uma ferramenta forte do ponto de vista de mediação de conflitos, de violência e outras temáticas que tanto marcam nosso cotidiano”, afirma. Além disso, o programa busca inovar o modo de coordenar as brincadeiras, de forma que as crianças possam desenvolver o seu protagonismo. “Queremos resgatar o valor do brincar e proporcionar espaços onde as crianças possam imaginar e criar.”

Os projetos são voltados para cada faixa etária. Para a primeira infância são realizadas atividades em creches, onde se busca a formação dos pais para que a experiência do brincar tenha um efeito multiplicador na comunidade. Para os jovens, foram criados espaços protegidos no entorno das comunidades mais vulneráveis onde as crianças podem brincar de jogos, oficinas de teatro e realizar outras atividades culturais.

Além disso, o programa desenvolveu uma nova metodologia para o futebol de rua, em que o jogo é dividido em três tempos. No primeiro tempo são debatidas as regras entre os mediadores e as crianças. No segundo jogo acontece, e no terceiro tempo são distribuídos os pontos, determinados não apenas pelos gols, mas também pelo comportamento. Os times são obrigatoriamente compostos por meninas e meninos. Não existe a figura do juiz, e sim de um mediador, que discute as regras com as crianças.

“Se cria um espaço para aprender a dialogar, construir consenso e, com isso, o futebol não é só correr atrás da bola, mas é uma escola de cidadania”, explica Tuto. Para ele, ao chamar o futebol de ‘futebol de rua’, a intenção é mostrar que a “molecada” pode ocupar o espaço público e reivindicar os diretos que eles têm assegurados na legislação.

Ouça a reportagem realizada pela Rádio Brasil Atual

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