MPF no Pará vai pedir suspensão das buscas no Araguaia

Procuradores de Marabá também querem que militares que participaram da guerrilha sejam ouvidos

Brasília – O Ministério Público Federal no Pará anunciou nesta segunda-feira (13) que vai pedir a suspensão das buscas no Araguaia devido à falta de participação dos parentes dos desaparecidos. Os procuradores da República em Marabá também exigem que os militares que participaram da Guerrilha do Araguaia sejam ouvidos.

O pedido de suspensão será encaminhado por meio de ofício da Procuradoria Geral da República ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. De acordo com nota divulgada pelo MPF, o ofício a ser encaminhado a Jobim é a segunda tentativa do MPF de paralisar as buscas e garantir o depoimento de militares ainda vivos, que tenham participado da repressão à guerrilha. No final de junho, uma petição da procuradora da República Luciana Loureiro, de Brasília, solicitou à Justiça Federal que ordenasse essas providências, mas até agora não houve resposta.

“A falta de informações sobre as operações e as declarações do ministro Nelson Jobim à imprensa, negando a participação de parentes e do próprio MPF no acompanhamento das buscas, vem causando preocupação nas famílias dos desaparecidos e nos procuradores da República, que atuam no Pará”, destacou a nota divulgada nesta segunda.

Na semana passada, Jobim alegou que os parentes não poderiam ser inseridos no grupo que supervisionará os trabalhos, por eles representarem parte na ação que condenou a União a realizar as buscas em um prazo de 120 dias.

De acordo com o documento, assinado pelos procuradores Tiago Rabelo e André Raupp, “toda e qualquer medida efetiva de campo, se não articulada de forma absolutamente cautelosa e transparente pelo Exército, implicaria déficit democrático das medidas e poderia acarretar receios e suspeitas por parte dos representantes das famílias dos guerrilheiros, entidades de defesa de direitos humanos e, enfim, de toda a sociedade civil”.

O documento a ser encaminhado ao ministro defende que, na ação, seja garantida a participação de todos os interessados e que as buscas sejam acompanhadas de ampla divulgação de motivos, organograma de atividades, relação de integrantes e suas respectivas atribuições.

Os procuradores ainda avaliaram que a sentença, transitada em julgado, que deve ser executada pela União, determina que as buscas sejam conduzidas de maneira totalmente diferente do que vem acontecendo.

De acordo com o MPF a sentença determinou que “fosse feita rigorosa investigação, para construir um quadro preciso detalhado das operações realizadas na guerrilha, devendo para tanto intimar a prestar depoimentos todos os agentes militares ainda vivos que tenham participado de quaisquer operações”, diz a nota.

Fonte: Agência Brasil