homofobia

Movimentos repudiam declarações homofóbicas de vereador no ABC

Para presidente de ONG, falas como as de político do PTB aumentam violência contra gays

Reprodução/Facebook

Vereador João Batista (PTB) criticou os homossexuais e foi preconceituoso com moradores da periferia

São Paulo – Movimentos sociais em defesa da criminalização da homofobia no ABCD repudiaram as declarações do vereador de São Bernardo João Batista Ramos da Silva (PTB) que, em discurso na Câmara, criticou os homossexuais e ainda foi preconceituoso com moradores da periferia. De acordo com a ONG ABCD’s (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual), ouvida pelo ABCD MAIOR, alegações como as do parlamentar contribuem para o aumento da violência e mortes contra gays e ao discurso do ódio.

No ABCD, somente nos três primeiros meses deste ano, 15 casos de agressão física a homossexuais foram registrados pela entidade, sendo um que terminou em morte, em São Bernardo. Em 2014, foram 93 denúncias de atos violentos contra gays.

O presidente da ABCD’s, Marcelo Gil, acredita que lideranças políticas, sociais e religiosos têm papel fundamental para construir uma sociedade menos preconceituosa.

“É inadmissível que um representante do poder público dissemine o ódio e o preconceito. Temos de deixar claro que o estado é laico e deve representar a todos. Este tipo de postura e vocabulário aumenta crimes e ofensas contra os homossexuais e transexuais. É preciso ter responsabilidade e respeito ao ser humano. Coincidentemente, o ABCD tem diversos casos de agressão”, disse Marcelo Gil.

Caso

As declarações de João Batista foram motivadas pela possibilidade de incluir, nas discussões sobre o novo Plano Municipal de Educação, o combate à homofobia nas salas de aula. O parlamentar, que é pastor na Igreja Universal, reduziu a importância do debate, que já rendeu mortes pelo Brasil e atos violentos pelo ABCD. “Há tanta coisa importante para discutir. É uma minoria que está fazendo um estrago. É uma ditadura gay”, disse o parlamentar.

Para justificar o posicionamento, o vereador utilizou analogia intolerante com os mais pobres. “Se pegar um menininho que vem lá da Suíça, com uma educação excepcional, e colocá-lo no meio de uma comunidade bem carente, esse menino mais tarde tem uma tendência muito grande a desviar para o crime”, opinou Silva.

O vereador foi procurado pela reportagem, mas até o fechamento desta edição não respondeu aos questionamentos.

Intolerância

No início de março, o engenheiro elétrico Rodrigo Mariano Miguel, 33 anos, tomou uma facada nas costas do seu vizinho, Wanderson Pacheco de Oliveira, por ser gay. O crime ocorreu em condomínio no Bairro Assunção, São Bernardo.

O outro crime, que resultou na morte do massoterapeuta e percussionista Gustavo Guazzelli, 33 anos, ocorreu no final de maio, no Bairro Rudge Ramos. Conforme testemunhas, um caminhoneiro, de nome Wilson Romão Batista, atropelou o rapaz propositalmente após uma discussão.

Em abril, a Justiça do Rio de Janeiro condenou o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ) a pagar uma indenização de R$ 150 mil por declarações contra os homossexuais feitas em um programa de TV aberta.