resistência

Movimento de mulheres organiza ato em Campinas contra feminicídio

No último dia 31, o técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo invadiu uma festa de réveillon e matou a ex-mulher Isamara Filier, o filho de 8 anos e mais oito mulheres

“Esta tragédia foi um feminicídio em massa, embora pouco se fale no assunto”, diz texto

São Paulo – Movimentos e coletivos que defendem os direitos das mulheres realizam hoje (5) ato no centro de Campinas (SP), em solidariedade às famílias das vítimas da chacina ocorrida no município no último dia 31, quando o técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo invadiu uma festa de réveillon e matou a ex-mulher Isamara Filier, de 41 anos, o próprio filho João Victor, de 8 anos, e mais 10 pessoas. Ao todo, nove eram mulheres. O autor do crime se suicidou em seguida.

Araújo deixou uma carta endereçada ao filho, divulgada na imprensa, em que esbravejava um discurso de ódio contra as mulheres e especificamente contra a ex, a quem culpava por ter perdido a guarda do filho. “Estamos vendo um avanço das ideias conservadoras no país e isso tem contribuído para que a violência se torne mais evidente e mais constante no nosso dia a dia. Percebemos isso o tempo todo nas redes sociais. Existem pessoas que defendem a prática da violência e que defendem a ação desse assassino”. diz a representante da CUT Mulheres de Campinas, Patrícia Leão, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

“Esta tragédia foi um feminicídio em massa, embora pouco se fale no assunto. Isamara, Liliane, Alessandra, Antonia, Abadia, Ana Luiza, Larissa, Luzia e Carolina morreram por serem mulheres. O machismo as matou, assim como mata centenas de mulheres todos os dias no Brasil. E nós não suportamos mais ver mulheres sendo mortas pelo machismo”, diz o texto de chamamento do ato, intitulado de “Nenhuma a menos – machismo mata”.

Os manifestantes se reunirão a partir das 17h no Largo do Rosário, na região central de Campinas, e sairão em marcha. Durante a concentração, alguns grupos farão discursos e serão preparados cartazes e faixas. As organizadoras pedem que os manifestantes tragam material cartolinas, tecidos, tinta, spray, pincéis.

“O ato de hoje é em solidariedade às famílias e amigos das vítimas, mas sobretudo para chamar atenção para feminicídio que é produto extremo do machismo e que está no centro desse caso”, diz Patrícia, que também é professora ligada ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp). “É extremamente importante que todas essas questões sejam levadas para escola e debatidas com a comunidade escolar. Só debatendo questões de gênero, raciais e de violência com jovens, pais e professores é que vamos conseguir caminhar no combate a essa cultura que vivemos.”

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