Ministra admite que governo não tem condições de proteger ameaçados pela violência no campo

Maria do Rosário prometeu, porém, avaliar os casos mais graves e garantir proteção

São Paulo – Em reunião com representates da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nesta terça-feira (31), a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, afirmou que o governo federal não tem condições de oferecer proteção a todas as pessoas que sofreram ameaças em casos de conflitos agrários.

A CPT apresentou à ministra um documento que lista nomes de 1.855 camponeses que recebem ou receberam ameaças de 2000 a 2011. De acordo com a entidade, 207 pessoas foram ameaçadas mais de uma vez, e destas, 42 foram assassinadas e outras 30 sofreram tentativas de homicídio.

“Seria errôneo e uma ilusão dizer que temos condições para atender a esta lista. Vamos analisar a listagem da CPT e fazer uma avaliação”, afirmou Maria do Rosário.

A ministra destacou que, para proteger e garantir a segurança de cada pessoa, as autoridades precisariam deslocar oito policiais. A ministra, no entanto, prometeu mapear as situações mais graves e urgentes e tomar providência. “A proteção é uma ação para os casos mais extremos. O que o governo não pode deixar de fazer é investigar todas as ameaças”, enfatizou.

Segundo o procurador da República do Pará, Ubiratan Cazzeta, o Brasil não tem estrutura suficiente para oferecer proteção aos ativistas jurados de morte. Cazzeta destaca o fato de os programas de proteção às testemunhas não enquadrarem pessoas que não estejam vinculadas a processos em andamento, como é o caso da maioria dos líderes e ativistas ameaçados nas áreas rurais do país.

Na última semana, quatro líderes camponeses foram assassinados na região Amazônica, o que ocasionou atenção especial do governo federal para a resolução dos casos e medidas foram tomadas para conter a violência no campo.