Direitos Humanos

Ministério anuncia Semana do Nunca Mais, pela recuperação da memória dos crimes da ditadura

A partir da próxima segunda (27), série de eventos é dedicada à preservação da memória, da verdade, da luta pela democracia e justiça social no país

Divulgação/MDHC
Divulgação/MDHC
"Essa página nefasta de nossa história não deve ser esquecida para que nunca mais se repita", disse Silvio Almeida

São Paulo – O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lançou nesta sexta-feira (24) um selo em alusão à Semana do Nunca Mais. Com o tema Memória Restaurada, Democracia Viva, a partir da próxima segunda feira (27), a Semana é dedicada à preservação da memória, da verdade, da luta pela democracia e justiça social no país.

Hoje também foi celebrado o Dia Internacional do Direito à Verdade sobre as Violações dos Direitos Humanos. Para o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, a data é uma oportunidade para refletir sobre o silenciamento e as injustiças cometidas pelos regimes militares.

“A luta por justiça social é o que nos move. Essa página nefasta de nossa história não deve ser esquecida para que nunca mais se repita. Somente conhecendo nosso passado podemos firmar o compromisso sobre o que nunca mais aceitaremos”, afirmou o ministro.

Em Buenos Aires, Silvio Almeida visitou hoje o Sítio de Memória Esma, antigo centro de tortura e extermínio e que hoje funciona como local de memória das atrocidades cometidas contra as vítimas do último golpe militar na Argentina (1976 a 1983).

Na Argentina, o dia 24 de março é feriado nacional pelo Dia Nacional da Memória, pela Verdade e pela Justiça. A data marca os 47 anos do golpe de Estado de 1976, que inaugurou a ditadura do general Jorge Rafael Videla. Organizações estimam que mais de 30 mil pessoas foram mortas durante o período. Assim, os argentinos saíram às ruas em memória às vítimas.

A Semana

Na próxima segunda (27), o assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do MDHC, Nilmário Miranda, participa de ato na ponte Honestino Guimarães, em Brasília. Ao ser inaugurada em 1976, a ponte recebeu o nome do presidente militar Costa e Silva. Em 2015, a ponte chegou a ter o nome alterado e, após decisão judicial, a ponte voltou a ser chamada pelo primeiro nome.

Em 2021, um projeto de lei que retoma o nome de Honestino Guimarães foi aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, mas vetado pelo governador Ibaneis Rocha. No ano passado, o veto foi derrubado e a ponte voltou a ter o nome do líder estudantil brasileiro que, em razão de sua militância no movimento estudantil, foi preso por quatro vezes. Da última prisão, em 1973, Honestino nunca retornou.

A Semana do Nunca Mais segue até 2 de abril, período que faz referência ao ciclo da história do Brasil em que o apagamento cultural e o autoritarismo tentaram mudar o curso dos acontecimentos reais e escusos aos interesses democráticos, progressistas e em defesa da dignidade humana. No dia 31 de março de 1964, o país sofreu um golpe civil-militar que causou violações de direitos humanos já amplamente conhecidos.

“Movimentos recentes da nossa história, a exemplo dos últimos seis anos, agiram de modo contrário ao interesse social. Também por isso estamos promovendo essas agendas que retomam o protagonismo da nossa luta por democracia”, declara Nilmário Miranda, em alusão ao período.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) confirmou, em seu relatório final, 434 mortes e desaparecimentos de vítimas da ditadura no Brasil. Entre essas pessoas, 210 são desaparecidas.