Mensagem de celular facilitará contato de mudos com a polícia

Projeto de utilização de mensagem por celular deve entrar em vigor neste semestre e está em teste, de acordo com a Anatel

Para Fátima Guimarães, presidente da Adavida, informatização tem ampliado a inclusão de surdos (Foto: Norberto da Silva)

Está em fase de teste uma  nova ferramenta para facilitar a comunicação de pessoas  com deficiência auditiva e de  fala com serviços de emergência como polícia, bombeiros e  disk denúncia. A ideia é que  as ocorrências possam ser comunicadas por mensagens de  texto via celular, de forma gratuita. De acordo com a Anatel  (Agência Nacional de Telecomunicações), o serviço já está  em modo de teste. No entanto, ainda não está disponível à  população.

Em 2010, o Ministério Público Federal já havia cobrado a necessidade de facilitar as denúncias de pessoas com  deficiência auditiva. A Anatel, porém, tardou em cumprir o  prazo determinado pela Justiça e somente agora o serviço  começa a ser implementado. Por enquanto, apenas a Polícia Militar iniciou o cadastramento de pessoas com deficiência  auditiva, que serão as usuárias do serviço.

A dificuldade em informar  emergências já é uma demanda antiga deste segmento da população, conforme explica o coordenador de acessibilidade  da Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração dos  Surdos), Neivaldo Zovico. “A regulamentação atrasou muito  e por isso a Polícia Militar demorou mais para autorizar as  mensagens de texto. O serviço ainda não está 100%. A Anatel  é uma agência muito burocrática nessa questão”, criticou. 

De acordo com Zovico, os deficientes auditivos também  têm encontrado dificuldade em se cadastrar. “Para fazer o  cadastramento, precisamos ligar para a PM. Isso gera um novo problema de comunicação”, afirmou o coordenador  de acessibilidade da Feneis, que também é surdo. A preocupação em informatizar os sistemas de comunicação de pessoas com deficiência auditiva surgiu desde quando  o sistema TDD/TS caiu em  desuso. O aparelho permitia que mudos ou surdos conversassem utilizando apenas o  teclado do aparelho. Entretanto, o instrumento não é mais popular hoje em dia.  

Para o estudante Jadiel Moreira da Silva, o serviço de SMS é essencial. “Já aconteceu de eu 
ter sentido cheiro de queimado na vizinha e precisar avisar minha mãe para que ela chamasse 
os bombeiros. Com isso, quem  sabe eu mesmo poderia ter avisado e adiantado a chegada da emergência”, avaliou. 

Já para o jovem Celso Danilo Toniol, a medida também pode auxiliar a entrada de deficientes auditivos na corporação. “Sempre tive vontade de trabalhar na polícia. Talvez essa fosse uma forma de ampliar o efetivo de pessoas  surdas nessa área. Poderíamos  fazer mediação e receber as denúncias de emergências”,  considerou.

A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos também oficializou à Anatel o pedido de elaboração de  uma política de subsídios para  a compra de pacotes de dados  como SMS, Serviço de Internet  móvel 3G e 4G para surdos ou mudos. A Feneis também pede  preços reduzidos para serviços  de banda larga e equipamentos como tablet, smartphone, videofone e laptop.

Na opinião da presidente da  Adavida (Associação dos Deficientes Auditivos – Visuais e Deficientes Auditivos), Fátima Guimarães, a informatização  dos sistemas tem ampliado a inclusão de surdos. “O avanço  das tecnologias auxiliou muito a comunicação deles. Ainda temos várias questões sem  acessibilidade, principalmente  na parte pedagógica. É importantíssimo agora criar uma  legislação que garanta o acesso  deles a essas novas facilidades”, avaliou.