Mensagem de celular facilitará contato de mudos com a polícia
Projeto de utilização de mensagem por celular deve entrar em vigor neste semestre e está em teste, de acordo com a Anatel
Publicado 20/03/2012 - 15h07
Para Fátima Guimarães, presidente da Adavida, informatização tem ampliado a inclusão de surdos (Foto: Norberto da Silva)
Está em fase de teste uma nova ferramenta para facilitar a comunicação de pessoas com deficiência auditiva e de fala com serviços de emergência como polícia, bombeiros e disk denúncia. A ideia é que as ocorrências possam ser comunicadas por mensagens de texto via celular, de forma gratuita. De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o serviço já está em modo de teste. No entanto, ainda não está disponível à população.
Em 2010, o Ministério Público Federal já havia cobrado a necessidade de facilitar as denúncias de pessoas com deficiência auditiva. A Anatel, porém, tardou em cumprir o prazo determinado pela Justiça e somente agora o serviço começa a ser implementado. Por enquanto, apenas a Polícia Militar iniciou o cadastramento de pessoas com deficiência auditiva, que serão as usuárias do serviço.
A dificuldade em informar emergências já é uma demanda antiga deste segmento da população, conforme explica o coordenador de acessibilidade da Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos), Neivaldo Zovico. “A regulamentação atrasou muito e por isso a Polícia Militar demorou mais para autorizar as mensagens de texto. O serviço ainda não está 100%. A Anatel é uma agência muito burocrática nessa questão”, criticou.
De acordo com Zovico, os deficientes auditivos também têm encontrado dificuldade em se cadastrar. “Para fazer o cadastramento, precisamos ligar para a PM. Isso gera um novo problema de comunicação”, afirmou o coordenador de acessibilidade da Feneis, que também é surdo. A preocupação em informatizar os sistemas de comunicação de pessoas com deficiência auditiva surgiu desde quando o sistema TDD/TS caiu em desuso. O aparelho permitia que mudos ou surdos conversassem utilizando apenas o teclado do aparelho. Entretanto, o instrumento não é mais popular hoje em dia.
Para o estudante Jadiel Moreira da Silva, o serviço de SMS é essencial. “Já aconteceu de eu
ter sentido cheiro de queimado na vizinha e precisar avisar minha mãe para que ela chamasse
os bombeiros. Com isso, quem sabe eu mesmo poderia ter avisado e adiantado a chegada da emergência”, avaliou.
Já para o jovem Celso Danilo Toniol, a medida também pode auxiliar a entrada de deficientes auditivos na corporação. “Sempre tive vontade de trabalhar na polícia. Talvez essa fosse uma forma de ampliar o efetivo de pessoas surdas nessa área. Poderíamos fazer mediação e receber as denúncias de emergências”, considerou.
A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos também oficializou à Anatel o pedido de elaboração de uma política de subsídios para a compra de pacotes de dados como SMS, Serviço de Internet móvel 3G e 4G para surdos ou mudos. A Feneis também pede preços reduzidos para serviços de banda larga e equipamentos como tablet, smartphone, videofone e laptop.
Na opinião da presidente da Adavida (Associação dos Deficientes Auditivos – Visuais e Deficientes Auditivos), Fátima Guimarães, a informatização dos sistemas tem ampliado a inclusão de surdos. “O avanço das tecnologias auxiliou muito a comunicação deles. Ainda temos várias questões sem acessibilidade, principalmente na parte pedagógica. É importantíssimo agora criar uma legislação que garanta o acesso deles a essas novas facilidades”, avaliou.