Manifesto de combate à violência será entregue a Haddad na próxima semana

Entidades querem ampliação de estratégias de combate à violência e criação de mais oportunidades nas periferias

São Paulo – O manifesto “Eliminar a violência na raiz de suas causas” será entregue na quinta-feira (17) ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ao governador Geraldo Alckmin e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A iniciativa é de entidades ligadas ao monitoramento de políticas púbicas na cidade, como a Rede Nossa São Paulo, o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o Instituto São Paulo contra a Violência, a Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e a Sociedade Santos Martires.

O documento tem como objetivo ampliar as estratégias de combate à violência em São Paulo, reivindicando a maior atenção do poder público para aspectos sociais na construção da política de segurança pública. Para o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, atualmente as políticas públicas de combate à violência se restringem a medidas de repressão policial. “O problema da violência não é somente de polícia ou de repressão de violência. O que nós estamos assistindo é a consequência de um quadro de carência generalizada em várias regiões do estado”, disse à Rádio Brasil Atual.

De acordo com dados da Rede Nossa São Paulo, dos 96 distritos da cidade, 44 não possuem nenhuma biblioteca pública, 56 não têm nenhum equipamento esportivo público, 38 não têm nenhum parque, 26 não têm nenhum hospital, 20 não têm nenhuma delegacia e 60 não têm nenhum centro cultural. Diante deste cenário, Broinizi afirma que o combate a violência está estritamente ligado à melhores condições de vida. “A ação do Estado deve ser conjunta, ao mesmo tempo a ação policial se torne inteligente e preventiva.”

Ele ainda ressalta que é necessário traçar a relação entre a criminalidade e a falta de serviços básicos da população que mora na periferia. “Precisamos ir à raiz dos problemas. O que é que gera a situação de violência? Como é que tantos jovens da periferia de São Paulo são cooptados pela criminalidade? Os indicadores de São Paulo mostram que há 250 mil jovens, entre 15 e 19 anos fora da escola. Qual a perspectiva de futuro deles?”

José Roberto Belintani, superintendente do Instituto São Paulo contra a Violência, considera que as reivindicações que serão entregues aos governos municipal, estadual e federal são realizáveis a longo e médio prazos. “Equipamentos de saúde e educação podem ser implementados em períodos de médio prazo, mas precisamos pensar em soluções para suprir os déficits mais rapidamente.”

Segundo ele, não é só o poder público que deve se engajar na causa do combate à violência. “As transformações exigem a participação dos agentes do Estado mas também de todos os cidadão. É necessário criar um movimento de impacto na sociedade mostrando que nós temos consciência da problemática é complexa, ampla e exige a participação de todos num nível de diálogo que transcenda, inclusive, as disputas político-partidárias.”

O manifesto será entregue ao prefeito Fernando Haddad no lançamento da quarta edição dos Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), pesquisas que indicam condições de vida em São Paulo, que será realizado na quinta-feira (17), às 10h, no Sesc Consolação. 

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