Livro cobra reconhecimento de camponeses vítimas da ditadura

Brasília – O relançamento do livro Retrato da Repressão Política no Campo / Brasil 1962-1985 – Camponeses Torturados, Mortos e Desaparecidos, na noite de hoje (4), reforça a pressão de […]

Brasília – O relançamento do livro Retrato da Repressão Política no Campo / Brasil 1962-1985 – Camponeses Torturados, Mortos e Desaparecidos, na noite de hoje (4), reforça a pressão de diversas entidades para que trabalhadores e ativistas ligados à luta rural também tenham direito à chamada justiça de transição. “É a memória viva da luta camponesa no Brasil, que não tem o devido registro histórico. Estamos tentando suprir essa falta”, afirma o coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria de Direitos Humanos, Gilney Viana, que dá apoio à Comissão da Verdade Camponesa. 

Criada no ano passado após um congresso envolvendo diferentes entidades do setor rural, a comissão recolhe depoimentos e documentos que já têm sido oferecidos à Comissão Nacional da Verdade. “O objetivo é lutar para que a CNV reconheça os direitos da justiça de transição”, diz Gilney, para quem as leis foram “mais pensadas” para a questão urbana. 

Assim, de 1.200 camponeses, apenas 49 entraram na relação da Comissão de Mortos e Desaparecidos. Destes, só 27 foram reconhecidos. A comissão camponesa trabalha para que pelo menos 602 nomes sejam incluídos, a maioria lideranças do campo (comunitárias, de associações). A lista inclui ainda 131 sindicalistas, 14 advogados e sete religiosos. Também será feito um relatório próprio para os movimentos rurais. 

O livro, lançado no primeiro dia do congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), é resultado de parceria que envolve, entre outros, a SDH, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Projeto de Memória Camponesa. Também foi aberta uma exposição para lembrar a luta pela reforma agrária, a história dos movimentos no campo e perseguições durante a ditadura.