Júri absolve integrante de milícia ruralista acusado de assassinato no Paraná

Augusto Barbosa da Costa, acusado de matar o trabalhador rural Sebastião Camargo, foi absolvido ontem por segundo júri popular do caso

São Paulo – O segundo júri popular de envolvidos no assassinato do trabalhador rural Sebastião Camargo, realizado ontem (4), em Curitiba (PR), absolveu o integrante de uma milícia privada da União Democrática Ruralista (UDR), Augusto Barbosa da Costa, acusado de homicídio doloso. A maioria dos jurados reconheceu a participação do réu de forma efetiva e consciente no crime, portando arma de fogo e aderindo à mesma conduta dos demais presentes no despejo, mas assim mesmo votou pela absolvição do acusado. As informações são da organização Terra de Direitos.

Para o advogado assistente de acusação do caso, Fernando Prioste, ligado à ong, a absolvição de um envolvido no assassinato de Sebastião Camargo significa uma fissura na justiça do caso: “A decisão de hoje é uma falha na responsabilização do assassinato, pois já há um articulador de milícia e um fazendeiro condenados, e agora seria um integrante de milícia. Fica uma falha na busca por justiça”.

Também compuseram a acusação a promotora de Justiça que acompanha o caso, Lúcia Inês Giacometti Andrich, e o advogado integrante do setor de Direitos Humanos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Aton Fon Filho.

Integrantes do MST vindos do interior do estado, estudantes, parlamentares e representantes de movimentos sociais acompanharam o julgamento. De acordo com o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), independente da sentença, o júri e a acusação sobre um integrante de milícia é consequência de um avanço na construção dos movimentos sociais em relação à sociedade. O atual júri, envolvendo o assassinato de um trabalhador sem-terra, é o quarto realizado em um espaço de três anos no Paraná, mas outros 15 assassinatos ocorridos no mesmo contexto ainda seguem impunes.

“Isso é consequência de um trabalho desenvolvido para que estas pessoas viessem a ser julgadas. Independente da decisão. Esta situação é absolutamente atípica, na qual praticantes de crimes como esses vêm a júri. Trata-se de um avanço do movimento na sensibilização da sociedade”, afirma o deputado.

Mais informações na página da organização Terra de Direitos