Em meio à pandemia

Governo Orlando Morando despeja cerca de 300 pessoas em São Bernardo do Campo

Sem diálogo ou clareza das ações por parte da prefeitura, as famílias foram aglomeradas em um abrigo temporário sem saber por quanto permanecerão ali e para onde irão depois

Jornal A Verdade/Reprodução
Jornal A Verdade/Reprodução
"Como você aglomera mais de 200 pessoas em um abrigo, sendo que estamos vivendo ainda a crise da pandemia e há uma nova onda?", questionam moradores

São Paulo – Cerca de 300 pessoas estão com destino incerto por conta de uma ação de despejo autorizada pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB). A área conhecida como “Biquinha”, com mais de 30 casas, foi interditada nesta terça-feira (9) pela polícia a mando da prefeitura.

Membro da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Anderson Dalecio, – que acompanhou o caso na região –, conta que o governo municipal informou por meio de um bilhete, colocado por baixo da porta dos moradores, que eles teriam 24 horas para tirar seus pertences e deixar o local. Segundo Dalecio, a gestão tucana alegou que as famílias estavam morando em área de risco. E, neste caso, a liminar que suspende as remoções durante a pandemia não se aplicava. Dalecio alerta, no entanto, que a prefeitura só poderia realizar o despejo em áreas de risco com garantia de atendimento habitacional.

Rumo incerto

“Como você aglomera mais de 200 pessoas em um abrigo, sendo que estamos vivendo ainda a crise da pandemia e há uma nova onda?”, questiona. “A maior parte das famílias não estavam em casa porque estavam trabalhando. Tem famílias que trabalham das 8h às 17h, precisam do transporte público e chegaram no local entre 19h30 a 20h. Ou seja, em menos de seis horas elas tinham que resolver o que fazer com suas coisas. Na segunda à noite saiu uma ordem judicial para que a prefeitura não fizesse o despejo. E em 24 horas a prefeitura teria que explicar ao juiz quais benefícios as famílias teriam. Mas a prefeitura não respeitou”.

Os moradores da área da Biquinha repudiaram a atitude do prefeito. Para eles, a notificação é ilegal. O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MBL) denunciou ainda que parte da Guarda Civil Municipal e da Romu – Ronda Municipal agiram com violência durante a ação.

Todos os moradores, sem ter para onde ir, foram para um abrigo provisório dentro do Estádio Municipal 1° de Maio. Por conta da falta de diálogo do governo municipal, as famílias não sabem quanto tempo ficarão no local. Para o dirigente do MTST no ABC esta ação do prefeito Orlando Morando é “criminosa”. O risco é que as famílias, sem terem para onde ir, fiquem nas ruas ou voltem a construir casas em áreas de risco.

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