cerco ao garimpo

Governo estuda novo fechamento do espaço aéreo em terra Yanomami

Objetivo é agilizar saída de ilegais. Entidades denunciam a fuga de garimpeiros para o Pico da Neblina, local sagrado para os Yanomami

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
PF e Força Nacional também intensificaram ações de combate ao garimpo ilegal

Brasília – O governo federal estuda fechar novamente o espaço aéreo no território indígena Yanomami, em Roraima. Corredores humanitários de voo foram abertos com o objetivo de permitir a saída dos garimpeiros das comunidades. A abertura do espaço aéreo teria validade até 13 de fevereiro, foi prorrogada para 6 de maio, mas um novo fechamento deve ser adotado.

O objetivo, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, é acelerar a saída dos garimpeiros ilegais que ainda estão na região. Na avaliação do Ministério da Justiça, da Força Nacional e da Polícia Federal, a prorrogação da abertura do espaço aéreo causa lentidão para a saída. Além do novo fechamento, o ministro disse que tanto a Força Nacional quanto a PF intensificam ações para apreensão e inutilização de equipamentos dos garimpos.

“Na quarta-feira próxima, eu e o ministro da Defesa, José Múcio, faremos nova reunião para planejar as próximas etapas. E provavelmente haverá um novo fechamento do espaço aéreo sobre o território Yanomami nas próximas semanas. Esse novo fechamento deve ser antecipado para agilizar a saída de garimpeiros que ainda permanecem, em pequeno número, no território Yanomami nesse momento”, afirmou.

Com a mobilização de forças de segurança, parte dos garimpeiros tem se deslocado de áreas onde há mais repressão para outros pontos. O alerta é da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes, da Associação de Mulheres Yanomami Kumirayoma e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.

Garimpeiros fogem para Pico da Neblina

As lideranças denunciam o aumento de garimpeiros no entorno do Pico da Neblina, lugar sagrado para os yanomamis. “De longa data, é conhecido, por parte dos Yanomami, o movimento de pequenos garimpos manuais na região. E a área do Pico da Neblina é um dos locais de acesso para outros garimpos na Venezuela”, afirmam. As entidades entregaram carta ao Ministério dos Povos Indígenas, à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e à administração do Parque Nacional do Pico da Neblina.

Localizado em Santa Isabel do Rio Negro, na Serra do Imeri, norte do Amazonas, o Pico da Neblina é o ponto mais alto do Brasil. Tem 2.995,30 metros de altitude, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

No documento enviado às autoridades, os indígenas mencionam a chegada de máquinas para mineração ao local e de um “garimpeiro baleado em conflito dentro do garimpo”, no último dia 3. Segundo relato dos líderes, o acompanhante do homem ferido ameaçou o secretário da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes, Vilmar da Silva Matos, após os líderes se negarem a ajudar a transportá-lo para outra unidade de saúde. O garimpeiro buscou socorro no Polo Base da comunidade de Ariabu.

O que as associações pedem ao governo federal é que o território de Maturacá seja incluído nas ações de enfrentamento ao garimpo ilegal. “Solicitamos que as denúncias de invasão garimpeira na área do Pico da Neblina sejam apuradas com a máxima urgência, considerando a segurança das comunidades Yanomami da região com uma população de mais de 3 mil pessoas”, acrescentam.

Conflito na Bahia

Sobre ações violentas contra indígenas Pataxó envolvendo fazendeiros no sul da Bahia, Dino disse que o ministério discute com o governo local autorizar atuação da Força Nacional. Uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de 2021, determinou que o uso da Força Nacional nos estados só pode ocorrer após autorização dos governadores.

Em janeiro, dois indígenas Pataxó foram assassinados, no extremo sul da Bahia. Após o crime, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o envio da Força Nacional.

Via Agência Brasil