Comércio

Fechamento da Feira da Madrugada, em São Paulo, provoca medo e insegurança em comerciantes

Vendedores dizem não haver garantias de que local será reaberto após reforma pela prefeitura, que prevê concluir em 60 dias trabalhos de adequação exigidos pelo Corpo de Bombeiros

O receio é de que não haja condição financeira de suportar o período da reforma

São Paulo – O anúncio da prefeitura de São Paulo, feito ontem (27), do fechamento da Feira da Madrugada, no bairro do Pari, região central, provocou insegurança, medo e até revolta entre os comerciantes que trabalham no local. O centro será fechado na segunda-feira, após o Executivo municipal ter conseguido derrubar, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, liminar que garantia seu funcionamento. Os comerciantes têm até quarta-feira (29) para retirar seus produtos do local, que passará por reformas por 60 dias, segundo a prefeitura.

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse, na manhã de hoje (28), em visita à subprefeitura da Vila Prudente, que vai manter o diálogo com os comerciantes. Vários deles, ouvidos na tarde desta terça-feira, disseram não ter garantias de que a feira reabrirá em 60 dias, e alguns têm medo de que ela não volte a funcionar. Eles manifestam medo de não ter como pagar as contas, perder o emprego e não ter onde trabalhar daqui para a frente.

Outros manifestaram revolta pelo fato de terem investido para adequar as instalações às normas de segurança e, com a decisão do TRF de fechar a feira, terem perdido o investimento. Um exemplo disso são as portas de ferro instaladas e a retirada das coberturas de lona que havia no local. “Gastamos R$ 1 mil, até mais, para colocar cada porta, fizemos dívida e agora perdemos esse dinheiro”, disse uma comerciante, que não quis se identificar. Todos os trabalhadores pediram anonimato, segundo eles por medo de represálias.

A posição da prefeitura se baseia em laudo do Corpo de Bombeiros. “Desde o começo deixei muito claro que queremos uma solução com base no diálogo. O que nós visamos é protegê-los (os comerciantes). Não é intenção da prefeitura inibir o comércio da feirinha, queremos restabelecer as condições de segurança para os trabalhadores”, voltou a dizer Haddad.

O presidente da Cooperativa de Microempreendedores, Importadores e Exportadores do Estado de São Paulo (Coomiesp), Osvaldo Aparecido de Jesus, diz que “a partir das 7 horas de quarta-feira o pessoal vai entrando e retirando o material”. Segundo ele, parte dos comerciantes concordam com o fechamento para reforma e outros querem continuar trabalhando. “Em qualquer categoria a divisão é normal, uns concordam, outros não”. Mas, de acordo com ele, “os comerciantes têm de entender que (com a reforma) será melhor, entender a reforma como crescimento”, prevê. “A prefeitura vai bancar a reforma. A reforma e a legalidade trazem valorização e expansão dos negócios. Estamos pensando no futuro a longo prazo, nos nossos filhos e netos.”