Direitos humanos

Debates em espaços religiosos podem reduzir práticas homofóbicas

Avaliação é da psicóloga Clara Cavalcante, doutora em saúde pública

Antonio Cruz/ABr

Manifestação contra homofobia, em Brasília. Tema ainda é tabu e provoca violência homofóbica

São Paulo – Ampliar o debate sobre a diversidade sexual em espaços públicos e religiosos é necessário para evitar que práticas de exclusão, de discriminação, de exposição e constrangimento social sejam fomentadas nesses ambientes. A opinião é de Clara Cavalcante, doutora em saúde pública e psicóloga em um centro de infectologia, doenças sexualmente transmissíveis e Aids, em entrevista hoje (26) à Rádio Brasil Atual.

Cavalcante apresentou a tese “Orientação sexual: prazer e pecado” no 3º Encontro Estadual LGBT da CUT São Paulo. O evento reuniu coletivos, sindicalistas, militantes e especialistas para discutir formas de ampliar as discussões sobre sexualidade nos espaços públicos. “Os espaços públicos e religiosos precisam aceitar que, para vivermos, de fato, em uma sociedade mais livre, mais humana, todo mundo tem que ter o direito de se expressar da maneira que quiser”, afirma a psicóloga.

Manuel Clemente de Almeida, auxiliar de cozinha de uma das creches da Unas, entidade sem fins lucrativos de Heliópolis, conta que eles estão organizando um grupo LGBT dentro da comunidade da zona sul paulistana. “Também queremos a construção de um centro de referência onde poderemos discutir com os adolescentes a questão da necessidade de prevenção sexual. Com isso, trabalharemos com oficinas, com a divulgação e promoção do conhecimento nessa área”, diz.

No relatório do ano de 2012 sobre violência homofóbica no Brasil, a Secretaria de Direitos Humanos registrou aumento de 166,09% das denúncias e 46,6% de violações contra o público LGBT, envolvendo 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos, com relação aos dados de 2011.

João Batista Gomes, secretário de Políticas Sociais da CUT/SP, enfatiza a importância da aplicação da Lei Estadual de Combate à Homofobia. “Nós vemos pouca efetividade da lei que criminaliza homofobia e a discriminação sexual, porque as delegacias e os policiais não estão preparados para lidar com esse tipo de medida. As pessoas agredidas acabam não procurando a polícia, porque também sofrem discriminação da própria instituição que é repressora”, argumenta. O secretário reforça ainda a importância da criação de delegacias especializadas em crimes de homofobia.

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