violência

População carcerária cresce perto de 30% nos últimos cinco anos

Em entrevista à TVT, advogada ativista afirma que é altíssima a taxa de presos provisórios, chegando a 40% do contingente, o que denota abuso na prática de aprisionamento no país

Amanda Oliveira/GOVBA

Para Vivian Calderoni, da Conectas, o encarceramento em massa não tem impacto na redução da criminalidade

São Paulo – Segundo relatório internacional divulgado pela organização não governamental Human Rights Watch, a população carcerária no Brasil cresceu quase 30% nos últimos cinco anos. O contingente de adultos encarcerados é de mais de meio milhão de pessoas, o que supera em 43% o número de vagas no sistema carcerário. Tais números significam que o país tem a quarta maior população carcerária do planeta e a terceira maior taxa de encarceramento.

Para Vivian Calderoni, advogada e membro da Conectas, organização não governamental de promoção dos direitos humanos, os dados mostram que “prende-se muito e prende-se mal”, sem que com isso ocorra impacto positivo na redução da criminalidade.

Em entrevista ao Seu Jornal, da TVT, a advogada ativista lembra que é altíssima a taxa de presos provisórios, chegando a 40%, o que denota abuso nessa prática. Sobre as más condições e superlotação nas prisões, Vivian afirma que existe “uma falsa percepção de que tratar mal pessoas que cometem crimes vai aumentar a segurança”. Segundo ela, é necessário “tratar com humanidade essas pessoas”; ela cobra “um  investimento sério em políticas de reintegração social”.

Sobre as situações de tortura e maus tratos, a advogada traz números de um estudo da Conectas, em parceria com o núcleo de estudos da violência da USP, o IBC Crim, a Acati Brasil e a pastoral carcerária, apontando que 61% dos acusados dos crimes de tortura são agentes públicos e destes, 66% foram acusados de ter praticado a tortura para obter informação ou confissão, “o que mostra  que a prática ainda é utilizada como meio de inteligência policial”.

Para combater tais práticas, Vivian defende a implementação do comitê e do mecanismo nacional de prevenção e combate à tortura, “um órgão independente formado por especialistas para monitorar os locais de privação de liberdade, as cadeias, as delegacias, fazer inspeções sem aviso prévio, entrevistar pessoas”, explica. A ativista cobra também a replicação desses instrumentos em nível estadual.

Confira a entrevista completa da TVT:

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