Flagelo

Campanha da Fraternidade vai discutir as causas e combater a fome no Brasil

“Mais do que apenas constatar e denunciar a triste e vergonhosa situação de fome no Brasil, é preciso fazer o que for possível para que essa triste situação seja extinta”

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São Paulo – Aberta ontem (22) pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Campanha da Fraternidade deste ano pretende discutir as causas da fome no Brasil. E o combater o que o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, chamou de “flagelo social e humanitário”. Segundo ele, o país demonstra incapacidade de “oferecer para seus filhos e filhas as condições necessárias para satisfazer o seu instinto de sobrevivência e desenvolvimento como pessoa”.

“Quando a sobrevivência não é atendida, é a morte que acontece. Assistimos recentemente o que está acontecendo com os Yanomami”, acrescentou o bispo. A missa realizada ontem – na capela Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, sede da entidade – foi voltada para as pessoas que sofrem com a fome. Além das vítimas da chuvas no litoral norte de São Paulo e aos atingidos por guerra, catástrofes e violência.

Mensagem do papa

Como é da tradição, o papa Francisco mandou mensagem, em vídeo, relativa à abertura da Campanha da Fraternidade, no auditório dom Helder Câmara. Segundo o pontífice, a reflexão sobre o tema deve ser “uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome”. Ainda segundo ele, a consciência sobre a importância da partilha não pode se restringir a uma campanha ou “a algumas ações pontuais”.

É a terceira vez que a CNBB escolhe a fome como tema. Segundo o secretário-geral, uma das razões é o fato de o Brasil ter voltado ao chamado no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). “Se a fome de  uma pessoa deve nos incomodar, como nos tornar indiferentes diante da fome de milhões de irmãos e irmãs?”

Insegurança e indigência

Não se trata apenas de um fenômeno biológico, mas de uma questão social e humanitária, afirma ainda. “São aquelas situações em que o modo com uma sociedade está organizada acaba por deixar seus filhos e filhas em estado de insegurança e indigência alimentar”, afirmou. “Mais do que apenas constatar, compreender e denunciar a triste e vergonhosa atual situação de fome no Brasil, a CF nos convida ao agir, a fazer o que for possível, para que essa triste situação seja extinta.”

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Ele citou ainda o lema bíblico “Dai-lhes vós mesmos de comer”, do Evangelho de São Mateus. Segundo o secretário-geral da CNBB, isso significa uma convocação à sociedade, no sentido da solidariedade. Do plano individual, evitando o desperdício, ao coletivo, com a cobrança da políticas públicas adequadas. “Alimentação é um direito e, como tal, deve ser garantida pelo Estado a todos os seus cidadãos.”