Boris Casoy será processado por declarações contra garis

Sindicato da categoria em São Paulo vai entrar com ação pedindo a reparação financeira por ofensas contra varredores de rua

Foram apenas alguns segundos. Não mais que vinte. Mas serão suficientes para renderem a Boris Casoy não apenas uma mancha em sua carreira, mas um longo processo. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco) decidiu entrar com ação civil pública contra o apresentador e contra o Grupo Bandeirantes.

O vazamento de áudio do Jornal da Band no último dia de 2009 provocou um tremendo mal-estar para o apresentador e para a emissora. Logo depois da escalada de manchetes, na qual dois garis apareciam em vídeo desejando Feliz Ano Novo,  Boris Casoy declarou, sem saber que seria ouvido por todo o país: “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades. Do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”. Em poucas horas, as frases estavam circulando pela internet e viraram um vídeo amplamente famoso no YouTube.

A repercussão foi tanta que, na edição seguinte do Jornal da Band, Boris Casoy leu um texto de desculpas. Foram apenas alguns segundos da programação e nada mais que um pedido de perdão, sem motivos nem adjetivos.

Moacyr Pereira, presidente do Siemaco, que recebeu dezenas de ligações logo após as declarações, é um dos que não se convenceram com a retratação do âncora da Band. “Foi dado um flagrante e, como ele não sabia que o áudio estava aberto, expressou seu preconceito. Infelizmente isso reflete o pensamento de parte da população do Brasil com os cidadãos do lixo”, afirma em entrevista à Rede Brasil Atual.

No primeiro dia útil do ano, segunda-feira (4), representantes do Siemaco tentaram ingressar nos prédios do Grupo Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, para entregar uma carta manifestando indignação com os fatos. Mas não conseguiram. A recomendação que receberam foi protocolar o documento no setor de Expedição, por onde ingressam todas as correspondências entregues ao grupo de comunicação.

Moacyr Pereira afirma que foi à portaria uma jornalista que se apresentou como Albertina, que se negou a receber a carta. “A forma como fomos recebidos não foi nada agradável. Poderia explicar que não estava apta a receber a carta. Ela disse que não receberia e que ninguém receberia. Se para nós já estava algo desagradável, a situação piorou ainda mais”, destaca.

Piorou tanto que agora os advogados finalizam a ação que será apresentada à Justiça. A ideia é que o apresentador e a Band sejam obrigados a pagar indenização em cestas básicas a serem doadas a instituições de caridade.