Ato neste domingo lembra 19 anos do Massacre do Carandiru em São Paulo

São Paulo – Há 19 anos, São Paulo parou e todos se voltaram para a região do Carandiru, na zona norte da capital paulista. Uma briga entre presos do pavilhão […]

São Paulo – Há 19 anos, São Paulo parou e todos se voltaram para a região do Carandiru, na zona norte da capital paulista. Uma briga entre presos do pavilhão 9 da Casa de Detenção se transformou em uma rebelião que terminou com uma intervenção da Tropa de Choque da Polícia Militar e pelo menos 111 mortos.

O Massacre do Carandiru permanece sem investigação. Até hoje nenhum dos comandantes do batalhão responsável pela invasão foi responsabilizado pela morte dos detentos. As circunstâncias e os detalhes da ação policial do dia 2 de outubro de 1992 também não foram esclarecidos.

Entidades relacionadas aos direitos humanos, como Associação Juízes para a Democracia (AJD), Mães de Maio e Pastoral Carcerária realizam ato público no Parque da Juventude neste domingo (2) para relembrar e discutir o Massacre do Carandiru. O parque, aliás, foi construído no local onde ficava a própria Casa de Detenção, desativada em 2002.

Para o advogado Rodolfo Valente, da Pastoral Carcerária, o ato não é somente em memória, mas também um “pontapé inicial” para outras atividades até outubro de 2012, quando se completam 20 anos do massacre. “Cerca de 60 entidades estão se articulando e vamos realizar outros eventos. A ideia é lembrar e cobrar a verdade sobre o episódio e, mais do que isso, ampliar a discussão sobre a segurança pública e a cidadania no estado de São Paulo” explica Valente.

O episódio foi retratado pelo médico Dráuzio Varela no livro Estação Carandiru e também levado aos cinemas pelo diretor Hector Babenco em 2003, com o título Carandiru. As histórias que o médico ouviu dos presos durante suas consultas na Casa de Detenção recontar parte dos acontecimentos.

O sistema prisional não obteve avanços nesses anos, segundo Valente: não há médicos, poucos detentos têm acesso à educação e a Defensoria Pública não está nas prisões. “Hoje, você não vê mais uma monstruosidade como o Massacres do Carandiru, mas há o extermínio nas períferias da população geralmente jovem e negra”, denuncia.

19 anos do Massacre

O ato começa às 15h com uma cerimônia ecumênica. Às 16h15, uma série de discursos está programada, intercalada de intervenções poéticas. Além de poetas e rappers, como Davi (sobrevivente do massacre) e Dexter, são esperados o procurador Antônio Visconti, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Dráuzio Varela e Débora Maria (das Mães de Maio).

No encerramento há atividades culturais com o Teatro do Oprimido, grupos de Rap e Intervenções Poéticas com Saraus da periferia de São Paulo.