neste sábado

Ativistas fazem ato simbólico para demarcar área do Parque Augusta, em São Paulo

Movimento busca chamar a atenção para a situação do povo indígena Mundukurus, cujas terras estão ameaçadas

Fernanda Carvalho/Fotos Públicas

No dia 1º de julho, por uma determinação da Justiça, o Parque Augusta foi reaberto, após um ano e meio fechado

São Paulo – Ativistas vão autodemarcar o Parque Augusta, última área verde do centro de São Paulo, em um ato simbólico no sábado (15), a partir das 13h. O evento tem como objetivo chamar a atenção para a situação dos Mundurukus, povo indígena cujas terras estão ameaçadas.

Em entrevista hoje (13) à repórter Camila Salmazio da Rádio Brasil Atual, a professora e ativista do movimento Mariana Ribeiro explica o paralelo entre os dois casos. “É uma conexão simbólica, porque os Mundukurus, por exemplo, estão demarcando uma terra que não está demarcada, então, estão percorrendo todo o limite do que eles consideram território deles, abrindo picada na floresta, fazendo marcações. Aqui não precisamos disso, o parque tem a confluência das ruas, então, a nossa demarcação é simbólica porque só vamos contornar o parque de uma maneira ritualística e tentar chamar a atenção de que aquilo deveria estar aberto e não está.”

Os Mundurukus têm suas terras ameaçadas pela construção de hidrelétricas no Rio Tapajós e pela morosidade no reconhecimento pela Funai. Para a ativista, as duas situações possuem dificuldade do acesso à terra por conta da especulação. “Tanto na cidade, quanto no interior do Brasil, nas terras indígenas, a terra sendo tratada como mercadoria configura uma especulação.”

O ato será realizado em parceria com o Comitê Paulista de Solidariedade à Luta pelo Tapajós. “A gente tem uma oficina de tambores, vamos ter um debate sobre agroecologia com a rede de agroecologia da USP. Vai haver um debate sobre autodemarcação e a projeção de filmes. Além do ritual de autodemarcação, vai ter um pessoal do Bixiga para trazer uma tocha, e vamos circular o parque para fazer de forma simbólica a demarcação do espaço.”

No dia 1º de julho, por uma determinação da Justiça, o Parque Augusta foi reaberto, após um ano e meio fechado. Entretanto, dois terços da área se encontram isolados com tapumes, colocados pelas construtoras Cyrela e Setin, proprietárias do terreno. “Eles fazem o que querem, cortam árvores, fazem podas indevidas, deixam cachorros bravos vigiando. É um terço só da área que está acessível.” Os ativistas reivindicam que a prefeitura de São Paulo readquira a área.

Ouça a reportagem na Rádio Brasil Atual