Integrante da Anistia Internacional diz que São Paulo falha em gestão da segurança

Carlos Alberto Lungarzo analisou medidas do governo em entrevista a jornal da TVT

São Paulo – A onda de violência em São Paulo matou, em outubro, 571 pessoas, sendo que mais de 90 eram policiais. Em entrevista ao programa Seu Jornal de ontem (4), da TVT, Carlos Alberto Lungarzo, da Anistia Internacional, analisou como o poder público estadual lidou com as questões em São Paulo e denunciou a falta de investigação das mortes. Para ele, as autoridades da cidade de São Paulo falharam na condução da segurança pública.

Como a AI acompanha casos de violência como o assassinato de inocentes pela polícia?

Acompanhamos através de pessoas da Anistia que viajam ao Brasil, que conversam com os parentes das vítimas, recolhem opiniões de vários lugares e eventualmente fazem segmentos comparando com os antecedentes. Uma vez por ano é feito um trabalho muito profundo, recolhemos opiniões e depoimentos de diversas pessoas.

Há falhas na investigação sobre o número de mortos pelas forças do Estado em São Paulo?

Enormes. Pelos casos que eu estudei, menos de 2% dos casos denunciados são apurados. Por outro lado, os que se apuram nunca dão em verdadeiras punições. O que se faz é afastar o militar por um tempo, para que se acalme a coisa, eventualmente ele pode ser movido para outra delegacia. Mas se ele é entregue à justiça normal, o que acontece raramente, como aconteceu no caso do Carandiru, acha-se algum jeito de se absolver o culpado pelos crimes.

Como o senhor avalia a parceria entre governo federal e estadual para diminuir a violência em São Paulo?

O ministro José Eduardo Cardozo é uma pessoa muito inteligente, corajosa e bem intencionada. O que ele quer é diminuir o crime por vias pacíficas. A maneira de acabar com o crime é acabar com suas fontes econômicas. O aparato criminoso é feito para ganhar dinheiro, se não há dinheiro, ele vai acabar. O que eu tenho minhas dúvidas é se isso vai funcionar com o governo de São Paulo.

Confira a entrevista na íntegra.