Linha dura

Acusado de crimes na ditadura, general Newton Cruz morre aos 97 anos

O militar participou do atentado a bomba do Riocentro, em 1981, que matou uma pessoa e feriu outra. É acusado de outros crimes, mas nunca foi condenado

Reprodução/Youtube
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Newton Cruz foi apontado pela Comissão da Verdade como um dos 377 militares que cometeram crimes durante a ditadura

São Paulo – Foi divulgada hoje (16) por familiares a morte do general Newton Cruz, de 97 anos. Ele estava internado no Hospital Central do Exército, em Benfica, no Rio de Janeiro, e faleceu nesta sexta-feira. O militar foi chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) de 1977 a 1983 e do Comando Militar do Planalto.

Em 2014, Newton Cruz foi apontado pela Comissão da Verdade como um dos 377 militares que cometeram crimes durante a ditadura, mas nunca foi condenado ou preso.

Em 1983, foi acusado de participação no assassinato do jornalista Alexandre von Baumgarten, ex-diretor da extinta revista O Cruzeiro. Um dossiê publicado pela revista Veja apontou que Newton Cruz era o mais interessado na morte.

As investigações só começaram em 1985, dois anos após a saída de Cruz do SNI. O delegado Ivan Vasques, da Divisão de Homicídios da Polícia Civil assumiu o processo, indiciando outros três militares pelo desaparecimento e morte das vítimas. Em 1992, todos foram absolvidos.

Cruz foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2014 por participação no atentado do Riocentro, em 1º de maio de 1981, no centro de exposições em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Durante um show musical, uma b omba explodiu em um carro, matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo gravemente o capitão Wilson Machado.

A ação, arquitetada pela chamada linha dura, da qual Cruz fazia parte, seria culpar grupos de esquerda e, com isso, sabotar o processo de “abertura” política em curso no Brasil. Mas a Justiça Federal concedeu habeas corpus aos cinco militares e um delegado envolvidos.