genocídio indígena

Líder Kaiowá-Guarani é assassinado a tiros em emboscada em Amambaí (MS)

Um dos líderes da retomada da terra ancestral Guapoy, em Amambaí, Márcio Moreira foi recebido a tiros no local em que ia fazer um serviço de pedreiro

Povos Kaiowá e Guarani
Povos Kaiowá e Guarani
Márcio: uma das liderança na luta pela recuperação do Território de Guapoy, foi assassinado menos de um mês depois

São Paulo – A violência contra os povos indígenas avança com o assassinato do líder Kaiowá-Guarani Márcio Moreira em emboscada nesta quinta-feira (14), em Amambaí (MS). Segundo denúncias da comunidade Guapoy e do Conselho da Aty Guasu – a Grande Assembleia dos povos Guarani e Kaiowá. Outros dois indígenas, que não terão seus nomes revelados por razões de segurança, ficaram feridos. 

Os sobreviventes afirmam que Márcio havia recebido uma proposta de trabalho na construção civil. E que os indicou como serventes de pedreiro para ajudá-lo na construção de um muro. Quando chegaram ao local do serviço, com as próprias ferramentas, passaram a sofrer intimidações e provocações. Disseram ainda que foram abordados por dois homens em uma moto, armados, que já chegaram ao local com intimidações e agressões verbais contra os indígenas.

“Nos intimidaram com as balas, mostraram pistola de cano curto e bateram em nós, jogando no meio dos caraguatás (plantas com espinhos). Em seguida atiraram no Márcio e nos deitamos. Como a munição acabou, eles nos bateram com a arma”, relatou um dos sobreviventes.

Houve luta corporal, disseram, e um dos indígenas conseguiu fugir. O outro foi ao hospital de Amambai para atendimento. Márcio correu cerca de 100 metros sangrando, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Haveria, ainda, uma quarta testemunha que presenciou o ataque. Os Kaiowá-Guarani temem uma nova ação contra os sobreviventes e testemunhas.  

Os bombeiros que atenderam a ocorrência disseram que já encontraram Márcio sem vida, com pelo menos duas perfurações. Uma de arma de fogo no ombro, e outra de arma branca no tórax, o que reforça as denúncias dos sobreviventes sobre a luta corporal após os disparos.

Retaliação à retomada da terra ancestral

A comunidade suspeita que o ataque pode ter sido planejado com o intuito de assassinar as três lideranças. “Não se tratou de trabalho, foram recebidos já com agressões. Foi uma emboscada para assassinar os três, uma chacina”, destacou a Aty Guasu – a Grande Assembleia dos povos Guarani e Kaiowá.

Também suspeitam que o ataque tenha sido uma retaliação à recente retomada da terra ancestral e à repercussão negativa da ação policial a mando de fazendeiros. No último dia 24 de junho, quando atacaram o território denominado Kurupi/São Lucas, em Naviraí (MS), policiais militares dispararam tiros de borracha e de arma de fogo.

A agressão deixou dezenas de feridos, inclusive crianças e idosos, além de um morto – Vitor Fernandes, de 42 anos. A comunidade tem denunciado ser alvo de uma série de ataques, preconceitos e acusações falsas. 

(Com informações do Cimi)

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