Solidariedade

Frei Betto dedica campanha de quaresma aos Yanomami, vítimas da fome e dos garimpeiros

Campanha visa a arrecadar recursos aos povos originários para a compra de medicamentos e cestas básicas, em meio a uma invasão violenta de garimpos ilegais

Adriana Duarte/ISA
Adriana Duarte/ISA
Até o domingo de Páscoa, interessados podem fazer doações diretamente à Hutukara Associação Yanomami

São Paulo – A campanha de quaresma deste ano será dedicada aos povos da Terra Indígena Yanomami, conforme iniciativa promovida por Frei Betto, frade dominicano, escritor e assessor de movimentos sociais que há mais de 30 anos utiliza da data do calendário litúrgico cristão para apoiar obras sociais de seu conhecimento e confiança. A nova edição da campanha, lançada na quarta-feira de cinzas (2), visa a arrecadar recursos para aquisição de cestas básicas, ferramentas e medicamentos aos indígenas da etnia Yanomami que estão sendo vitimados pela fome, a covid-19 e pela invasão de garimpos ilegais às suas terras.

Desse modo, ao longo dos próximos 40 dias, até o domingo de Páscoa, em 17 de abril, interessados podem fazer doações diretamente à Hutukara Associação Yanomami (confira dados abaixo). A campanha também está descrita na Carta de Quaresma 2022, de autoria de Frei Betto. O documento reforça que completam-se 30 anos da homologação da TI Yanomami, localizada entre Roraima e Amazonas. Essa é a maior área destinada aos povos indígenas, com 9,6 milhões de hectares de florestas. 

Mas, apesar de seu tamanho e importância, os Yanomami vêm perdendo seu território para a violência do garimpo que avança sob a proteção do próprio presidente Jair Bolsonaro, como destaca Frei Betto. “Onde eles (garimpeiros) entram não apenas os indígenas são vitimados por tiros, torturas, ameaças e ferimentos, como os rios são poluídos por mercúrio. Porque eles o utilizam para captação de alguns minérios, principalmente do ouro”, critica. 

A campanha

O frade dominicano lembra que no período da ditadura civil-militar (1964-1985), os indígenas já foram duramente “reprimidos, assassinados e invadidos”. Principalmente para a abertura da Rodovia Transamazônica, que deveria ligar o extremo leste do Brasil ao Peru, e da BR 174, que liga Manaus a Roraima. Até hoje em contato com líderes Yanomami, Frei Betto destaca a importância de defender a vida dos povos originários para garantir a própria história do país. O que também justifica a campanha de quaresma.

“É muito importante nós defendermos os povos indígenas, porque eles são a nossa raiz. E o Brasil tem uma reserva indígena inestimável, enquanto eles praticamente foram exterminados em todo o mundo, inclusive na América Latina. Hoje temos no Brasil quase um milhão de indígenas que falam quase 200 idiomas distintos. Assim, temos de preservar essa riqueza humanitária, socioecológica, e uma campanha dessa é fundamental. A pessoa pode fazer sua doação ainda que seja de R$ 1, não importa. Eles precisam desse recurso para se defenderem e comprar medicamentos, kits de covid, contra a malária e cestas básicas”, defende o frade. 

As doações podem ser feitas na conta no Banco do Brasil em nome da Hutukara Associação Yanomami. A agência é 2617-4 e a conta corrente 58.918-7. O CNPJ é 07.07.615.695/0001-65. A associação também dispõe de chave aleatória PIX: 8b323044-0123-49e5-8938-03bdc849127 no CNPJ 00.479.105/0009-22. Para recibo ou esclarecimentos é possível entrar em contato pelo e-mail hutukaraassociacaoyanomami@gmail.com

Confira a entrevista

Redação: Clara Assunção


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