Justiça?

Rodrigo Marotti é absolvido do crime de homicídio qualificado

Julgamento de acusado de duplo feminicídio em Nova Friburgo (RJ) deixa familiares das vítimas inconformados. Agressor foi condenado apenas pelo crime de incêndio com resultado de morte

Reprodução / Redes Sociais
Reprodução / Redes Sociais
Marotti foi absolvido do crime de homicídio qualificado pelo duplo feminicídio de Alessandra Vaz e Daniela Mousinho

São Paulo – Depois de 12 horas de julgamento no Fórum de Nova Friburgo (RJ), a juíza Simone Dalila Nacif leu e proferiu sentença, à zero hora desta quarta-feira (9), condenando o acusado Rodrigo Marotti pelo crime de incêndio com resultado morte. Ele foi absolvido do crime de homicídio qualificado e, consequentemente, pelo duplo feminicídio de Alessandra Vaz e Daniela Mousinho, em outubro de 2019.

As informações são da reportagem do jornal A Voz da Serra. “A decisão coube aos jurados. À juíza coube somente a sentença: sua pena final será de 19 anos e quatro meses de reclusão. O Ministério Público e a Defensoria Pública vão recorrer da pena. Familiares das vítimas ficaram inconformados”, afirma o jornal.

Após os depoimentos das testemunhas e o interrogatório do acusado, os debates orais entre o promotor e o defensor público começaram às 17h20 de ontem (8). As sustentações orais entre acusação e defesa foram calorosas e carregadas de emoção, segundo a cobertura do jornal. O embate durou até as 22h10. Houve réplica e tréplica.

Promotoria e defesa

O promotor Rodrigo Nogueira iniciou sua fala se solidarizando com as vítimas e os familiares e apontou o caso como o mais chocante em cinco anos de trabalho.

Em sua sustentação, o promotor reproduziu áudios de conversas entre Alessandra e Rodrigo, que era seu sócio. Nesses áudios, ela, mesmo muito triste pelo término do relacionamento e com a dificuldade de diálogo com o Rodrigo, nunca deixou de reconhecer a importância dele na vida dela e que ele foi um grande responsável pelo crescimento da empresa que tinham. Em áudio, Alessandra mencionou que, em caso de dissolução da empresa, pagaria inclusive um carro para o acusado e que ele nunca sairia desamparado. Houve muita comoção entre os familiares.

Ao final, o promotor afirmou que a sociedade não quer vingança, mas sim um julgamento justo, com uma condenação e uma pena de prisão condizente com os crimes que o acusado cometeu.

O defensor público Eduardo Castro, por sua vez, trabalhou de forma técnica e respeitosa, se solidarizando com os familiares da vítima, relata o jornal. Explicou ainda que lhe competia garantir que o acusado tivesse todas suas prerrogativas ressalvadas e defendidas com amparo nas provas contidas no processo.

Em seguida, eçe realizou duras críticas aos laudos, uma vez que atestam poucas coisas e não conseguem comprovar muitos detalhes necessários ao processo.

Campanha pede pena máxima para Rodrigo Marotti, acusado de duplo feminicídio

Por fim, pontuou que argumentou que se tratou de um crime de incêndio com resultado morte, diferentemente de um homicídio. Depois, explicou que crime de homicídio possui muitas qualificadoras e que caberia aos jurados definirem, no seu íntimo, se as provas seriam suficientes para uma condenação.

Em seguida, a plateia foi retirada do salão do júri popular, restando dentro dela apenas o promotor, o defensor, a juíza e os jurados responsáveis pela votação secreta, em que condenariam ou absolveriam o acusado.

Confira mais detalhes do julgamento na cobertura do jornal A Voz da Serra